Ex-procurador Orlando Figueira arrisca processo disciplinar na cadeia de Évora
Guarda relatou que antigo magistrado do Ministério Público o tratou por "ser insignificante".
O antigo procurador da República Orlando Figueira vai ser alvo de um processo disciplinar na cadeia de Évora, onde se encontra a cumprir seis anos e oito meses de prisão por crimes de corrupção, branqueamento de capitais, entre outros. No início deste mês, Orlando Figueira foi alvo de uma participação por, segundo o Auto, a que o Now teve acesso, ter tratado um guarda prisional por "criatura" e "ser insignificante".
No documento do Estabelecimento Prisional de Évora, o guarda relatou que, no dia 3 de fevereiro, "no momento" em que destrancou "o cadeado do R/C Esquerdo", cela onde se encontra Orlando Figueira "o recluso não aguardou que eu abrisse o gradão, tendo de forma voluntária e violenta" agarrado o mesmo "com a finalidade de abrir".
Nesse momento, "advertido que largasse o gradão", Orlando Figueira terá começado a "discutir" com o guarda prisional, "apontando de forma intimidatória o dedo junto à minha cara, dizendo que eu era uma 'criatura', 'um ser insignificante'". "Adverti o recluso para não falar comigo naquele tom e que exijo respeito, tendo ele respondido que não tem medo de mim, nem tem medo de ninguém", continuou a descrever o guarda prisional.
Entretanto, um guarda principal aproximou-se dos dois, ordenando o afastamento do colega. "Em seguida", relata o auto, Orlando Figueira "começou a discutir com o guarda principal".
A participação será analisada pela diretora da cadeia de Évora, Maria Ceia Moura, que, além dos testemunhos dos guardas, também conta com as imagens recolhidas pela câmaras internas (CCTV). Como recluso, Orlando Figueira pode ser colocado, como castigo vários dias numa cela de isolamento.
Orlando Figueira foi detido, em outubro do ano passado, para cumprir a pena de cadeia a que foi condenado na chamada "Operação Fizz".
O antigo procurador Foi condenado, em dezembro de 2018, pelo Tribunal Criminal de Lisboa, a seis anos e oito meses por corrupção, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documento, tendo sido dado como provado que recebeu mais de 760 mil euros do ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, em troca de favores nos processos que visavam o então governante angolano no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
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