Fogo na Madeira com duas frentes ativas mas sem ameaçar casas
Presidente do Serviço Regional de Proteção Civil diz que frente de fogo na Ponta do Sol "apresenta algumas preocupações".
O incêndio que deflagrou na quarta-feira na zona oeste da Madeira mantém duas frentes ativas nos concelhos da Ponta do Sol e Ribeira Brava, indicou esta segunda-feira o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil. Os avanços motivaram a retirada de cerca de 60 pessoas da Furna, mas a situação geral é "aparentemente mais tranquila", segundo o Governo Regional.
"Temos duas frentes ativas relativamente a este incêndio, na zona alta da Encumeada, por cima da Estalagem da Encumeada [Ribeira Brava], e na zona do Paul da Serra [Ponta do Sol], que está a descer a encosta em direção à ribeira da Tabua", disse António Nunes.
Há também registo de um reacendimento no Curral das Freiras, em Câmara de Lobos, município onde o dispositivo mantém uma "vigilância ativa".
Em declarações à agência Lusa, o responsável explicou que a frente de fogo na Ponta do Sol "apresenta algumas preocupações".
"Nós temos neste momento uma equipa no terreno a fazer a avaliação de qual é a melhor metodologia de atacar o incêndio, nesta área em concreto, inclusive o helicóptero descolou para fazer um reconhecimento, para ter uma noção mais correta do que é que está a acontecer, para dispor os operacionais de forma a que a gente possa debelar isto o mais rapidamente possível", referiu.
António Nunes indicou que o combate às duas frentes de fogo envolve, no total, 168 operacionais, sendo 77 de corporações de bombeiros da Madeira, 76 da força conjunta da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil que chegaram à Madeira na madrugada de domingo, e 15 operacionais disponibilizados pela Região Autónoma dos Açores, que chegaram no início da madrugada de hoje.
O dispositivo mobiliza também 48 viaturas.
Apesar de o tempo continuar muito quente na Madeira, o vento baixou de intensidade, situação que o presidente da Proteção Civil destacou como favorável para combater o fogo.
"A temperatura não baixou significativamente, mas o vento acalmou muito, o que para nós é uma notícia muito bem-vinda, porque realmente o vento é um dos fatores que fazem com que o fogo se propague mais e que tenha as projeções que são muito inconvenientes", disse.
Os focos de incêndio ativos no concelho da Ribeira Brava, na zona oeste da Madeira, estão longe de habitações e a situação na freguesia da Serra de Água está controlada, indicou o presidente da Câmara.
Na Serra de Água, onde a situação já foi preocupante e o fogo esteve perto de casas, registam-se neste momento "pequenos reacendimentos, alguns pequenos focos de lume, mas a ser controlados", disse Ricardo Nascimento, em declarações à agência Lusa, cerca das 13h30.
"O incêndio já se fez deslocar para outros sítios, para as zonas altas da Ribeira da Tabua, mas está longe da população, os bombeiros estão a acompanhar e também nas zonas bem altas do sítio da Furna, que também está longe das habitações", adiantou.
O autarca informou ainda que o município está a efetuar a limpeza de algumas estradas e caminhos municipais.
A maioria dos moradores retirados das habitações nos últimos dias e que foram alojados no pavilhão desportivo do concelho, já poderão, na tarde de hoje, regressar a casa.
É apenas preciso ter "alguma cautela no regresso das pessoas" que residem na zona da Achada dos Aparícios, referiu.
Relativamente às condições meteorológicas, Ricardo Nascimento apontou que estão mais favoráveis para o combate ao fogo.
Ainda de acordo com o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava, o incêndio que deflagrou na quarta-feira não provocou vítimas, nem desalojados.
Os danos registados até ao momento foram em palheiros, arrecadações, terrenos agrícolas e também alguns animais morreram, indicou.
Ricardo Nascimento adiantou também que foi criado um pequeno gabinete de apoio para monitorizar estes casos no edifício da Junta de Freguesia da Serra de Água.
O incêndio rural deflagrou na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava, propagando-se no dia seguinte ao concelho contíguo a este, Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol, através do Paul da Serra.
Até domingo, 160 pessoas foram retiradas das suas habitações por precaução e transportadas para equipamentos públicos, mas muitos moradores já regressaram ou estão a regressar a casa.
O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento, agora mais reduzido, e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de feridos ou de destruição de casas e infraestruturas essenciais.
O fogo mobiliza perto de duas centenas de operacionais (inclusive do continente e dos Açores) e algumas dezenas de viaturas, além do meio aéreo do arquipélago, com as atenções centradas sobretudo nos concelhos da Ribeira Brava e da Ponta do Sol.
O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, afirma tratar-se de fogo posto, mas as causas ainda não foram divulgadas.
fogo nas serras da Serra de Água, no concelho madeirense da Ribeira Brava, está extinto e as pessoas retiradas no domingo têm estado a regressar às suas casas.
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