João Rendeiro conhece hoje sentença em processo de crimes de burla qualificada

Na origem deste julgamento está uma queixa do embaixador jubilado Júlio Mascarenhas.

28 de setembro de 2021 às 07:41
João Rendeiro , fundador e ex-presidente do BPP, terá ainda as contas bancárias e quatro casas arrestadas Foto: Pedro Elias
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O ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) João Rendeiro e os ex-administradores Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital conhecem, esta terça-feira, a sentença de um processo por crimes de burla qualificada.

Na origem deste julgamento está a queixa do embaixador jubilado Júlio Mascarenhas que, em 2008, investiu 250 mil euros em obrigações do BPP, poucos meses antes de a instituição liderada por João Rendeiro pedir um aval do Estado de 750 milhões de euros para repor a liquidez.

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Júlio Mascarenhas, representado pelo advogado Francisco Teixeira da Mota, exige que João Rendeiro e os outros dois ex-administradores acusados o indemnizem em mais de 377 mil euros por considerar ter sido enganado pela sua gestora de conta que alegadamente o convenceu de que estava a investir num produto com juros e capital garantido e não num produto de risco.

Em janeiro, a antiga gestora de conta do diplomata, Eva Santo António, foi ouvida em tribunal, tendo referido que apresentou ao queixoso produtos disponíveis para este investir, nomeadamente depósito a prazo ou a subscrição de obrigações subordinadas, tendo em conta o seu perfil de investidor que classificou como de "conservador moderado".

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Eva Santo António, que invocou várias vezes falta de memória, adiantou nunca ter dito ao cliente que a subscrição de obrigações subordinadas fosse igual a um depósito a prazo.

Perante a insistência do Ministério Público e do juiz sobre se tinha transmitido ao cliente o risco inerente a este tipo de produto, referiu ter dito que o risco inerente era haver um problema com o banco, mas que então "desconhecia os problemas que vieram a verificar-se no BPP".

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, verificou-se em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.

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Apesar da sua pequena dimensão, teve importantes repercussões devido a potenciais efeitos de contágio ao restante sistema quando se vivia uma crise financeira, emergindo como um caso de supervisão, pondo em causa a ação do Banco de Portugal.

Na vertente judicial, vários gestores do BPP têm sido condenados pelos tribunais e com penas pesadas, destacando-se o presidente João Rendeiro.

Em maio deste ano, o tribunal condenou Rendeiro a 10 anos de prisão efetiva. Foram ainda condenados Salvador Fezas Vital a nove anos e seis meses de prisão, Paulo Guichard a também nove anos e seis meses de prisão e Fernando Lima a seis anos de prisão.

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As condenações foram pelos crimes de fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais resultam de um processo extraído do primeiro megaprocesso de falsificação de documentos e falsidade informática.

Já anteriormente, noutro processo também relacionado com o BPP, Rendeiro tinha sido condenado a cinco anos e oito meses de prisão efetiva.

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