Juiz trava visitas a pai violador
Jovens de 16 e 11 anos deixam de estar obrigados a ir à prisão.
Durante dois anos uma mulher, vítima de violência doméstica e que viu a filha mais velha ser abusada pelo marido, foi obrigada a levar os dois filhos menores mais novos à cadeia para visitarem o pai.
Só no ano passado é que as visitas foram suspensas para a rapariga, agora com 16 anos, e para o rapaz, com 11. Mas o predador, condenado a dois anos de cadeia por maus-tratos à mulher e aos filhos e a sete anos e seis meses pelos abusos sexuais, interpôs recurso para contrariar a decisão.
O Tribunal da Relação de Lisboa entende que as visitas dos jovens ao pai, preso na cadeia da Carregueira, devem ser efetivamente suspensas.
"A M. tem 16 anos e rejeita completamente a ideia de visitas ao pai, de quem não tem saudades e de quem recorda um tratamento violento e castrador. É fundamental que nesta altura da vida, com maior maturidade e consciência de si enquanto mulher, e consciência da posição das mulheres no mundo, não seja confrontada com qualquer exercício de violência que possa ser sentida como violência contra as mulheres", refere o juiz desembargador que assina o acórdão.
Já quanto ao jovem, de 11 anos, o magistrado refere que "levar N. à visita ao pai significa levá-lo ao confronto com o agressor e por isso representa levá-lo à fonte de violência. É absolutamente claro que, outras figuras masculinas à parte, a do pai é verdadeiramente a mais essencial na formação da personalidade de um rapaz. A única vantagem é mesmo ele entender que o pai cometeu erros e pagou".
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