"Porque é que ele morreu e eu vivi?", diz GNR baleado
Irmã de António Ferreira presta testemunho emocionado no julgamento.
O julgamento de Pedro Dias no Tribunal da Guarda entra esta quarta-feira na sexta sessão. Está prevista a audição de 16 testemunhas.
Na maior parte, trata-se de depoimentos relacionados com os processos de indemnização cível das vítimas do homicida de Aguiar da Beira.
Entre as 16 testemunhas, destaca-se a presença de Fátima Espadilha, irmã de António Ferreira, o militar da GNR que sobreviveu apesar de baleado na cabeça por Pedro Dias.
A família do militar tem revelado os graves problemas físicos e psicológicos por que este tem passado desde que foi alvejado e abandonado no campo por Pedro Dias, depois de ter sido obrigado a carregar o colega morto para a mala do carro e de ter conduzido o homicida, sob ameaça de uma arma de fogo.
"O meu irmão vive angustiado com medo que a bala que tem alojada na coluna se desloque ou lhe acabe de partir o osso. Não pode espirrar porque a bala destruiu-lhe o osso que segura o olho esquerdo. Se espirrar o globo ocular pode saltar-lhe da cabeça. E isso deixa-o deprimido, envergonhado e humilhado. Sente-se revoltado e frustado por não ter conseguido salvar o colega. Nos primeiros tempos perguntava-me: 'porque é que ele morreu e eu vivi?", disse Fátima em tribunal.
"O António tinha imenso gosto na sua profissão e agora não quer pensar em voltar para a GNR. Tem medo. Em casa fecha a porta à chave, mesmo quando estão outras pessoas em casa", acrescenta a irmã do militar que foi baleado na cara e que vive com a bala alojada na coluna.
Advogado diz que Pedro Dias vai "inventar uma história".
A entrada para a sexta sessão do julgamento, Pedro Proenca, advogado dos militares da GNR baleados por Pedro Dias, disse acreditar que o arguido vai falar depois de ouvir todas as testemunhas da acusação. "Ele vai tentar explorar as zonas cinzentas da acusação para inventar uma historia", afirmou o advogado.
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