Arguida explica corrupção com lotaria e sorteios

Cândida Serapicos, ex-vogal dos Transportes Urbanos de Braga (TUB) que está entre os cinco arguidos no processo de corrupção na compra de autocarros entre 1999 e 2007, acabou por, à última hora, não falar no interrogatório judicial que decorreu no Tribunal de Braga. Estava muito nervosa e não foi confrontada com os vários cheques passados pela MAN em seu nome. Mas justifica o seu nível de vida com a sorte que tem ao jogo. Garantiu que os bens que possui e o dinheiro nas contas são decorrentes de vários prémios que ganhou: 100 mil euros na lotaria e um prémio elevado no Totoloto. Até o Mercedes que possui foi sorteado no concurso de um hipermercado.

Os interrogatórios decorreram durante todo o dia de ontem e às 19h00 os cinco arguidos voltaram a ser levados para a Judiciária de Braga, para mais uma noite nos calabouços. Hoje devem ser conhecidas as medidas de coação, numa sessão que recomeça às 10h00.

Vítor de Sousa - que foi vice-presidente de Mesquita Machado e candidato à sucessão na autarquia - falou durante duas horas e meia. Tentou esclarecer os negócios realizados entre 1999 e 2007 - altura em que era administrador dos TUB, no que toca à compra de autocarros à empresa alemã MAN, em que as luvas pagas podem chegar aos dois milhões de euros. E ainda explicar um cheque que foi endossado pela mão de Abílio Costa - dono da MAN de Braga - que tinha uma anotação: "Levantar em caixa para entregar ao Vítor de Sousa".

Ao final da tarde de ontem, antes de recolher às celas da Polícia Judiciária, Vítor de Sousa afirmou aos jornalistas: "Quem não deve não teme", enquanto comprava um pacote de bolachas e uma água numa das máquinas de distribuição de comida. "Mas o processo está muito confuso", rematou.