Lanchas de alta potência vão carregar cocaína de narcosubmarinos quase no meio do Oceano Atlântico
Diretor Nacional da PJ, Luís Neves, alerta que organizações criminosas estão mais violentas e usam com frequência armamento de guerra. Tema foi debatido durante uma conferência na Diretoria do Sul da Polícia Judiciária, em Faro.
Têm 3 ou 4 motores de alta potência e podem custar até 250 mil euros. As narcolanchas, que antes eram apenas usadas para o transporte de haxixe desde o Norte de África para a Europa, agora vão quase até ao meio do Oceano Atlântico para recolher cocaína em narcosubmarinos ou navios mercantes. O tema foi debatido durante uma conferência realizada, esta quinta-feira, na Diretoria do Sul da Polícia Judiciária, em Faro.
Este aumento de poder das organizações criminosas está a deixar as autoridades em alerta. "Estas embarcações eram usadas para o transporte de haxixe, mas nos últimos tempos temos registado um aumento muito significativo do recurso a este tipo de embarcações para a recolha em alto mar de grandes quantidades de cocaína vinda da América Latina", assumiu Artur Vaz, diretor da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária.
O fenómeno está a ser cuidadosamente estudado pelo Centro de Análise e Operações Marítimas (MAOC). "Estas organizações têm cada vez mais recursos. Usam lanchas bem equipadas que vão quase até às mil milhas náuticas. Podem sair da Península Ibérica e chegar até aos Açores ou Madeira. Podem atingir velocidades até aos 130km/h", explicou Paulo Silva, analista chefe do MAOC.
Segundo o Diretor Nacional da PJ, Luís Neves, estas organizações estão mais violentas e usam com frequência armamento de guerra. O último caso de extrema violência acabou com a morte de um militar da GNR no rio Guadiana. "As macro máfias e organizações criminosas aportam a elevados níveis de crime como homicídios e raptos. Há muitos casos em que sicários vieram a Portugal para fazer aqui ajustes de contas porque a droga não foi entregue ao seu proprietário", revelou Luís Neves, que alerta que estas organizações criminosas “estão cada vez mais sofisticadas” e atuam à escala global, recordando que, nos últimos meses, "a GNR foi confrontada com a utilização armas de guerra AK 47" em duas operações.
O líder da PJ considera que estamos perante "um dos maiores desafios do nosso tempo" e apelou a uma ainda maior "lealdade institucional", avisando que "o tempo atual não está para experimentalismos".
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