Lei protege mulher de monstro. Gracinda não será julgada

Não irá depor contra os agressores.

06 de agosto de 2020 às 01:30
Gracinda diz que a filha de 14 anos acompanhava o pai até à boîte Foto: Carlos Barroso
Gracinda diz que a filha de 14 anos acompanhava o pai até à boîte Foto: Carlos Barroso
Gracinda diz que a filha de 14 anos acompanhava o pai até à boîte Foto: Carlos Barroso
Gracinda diz que a filha de 14 anos acompanhava o pai até à boîte Foto: Carlos Barroso
Gracinda diz que a filha de 14 anos acompanhava o pai até à boîte Foto: Carlos Barroso

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Gracinda, a mulher que aceitou encobrir o marido e os filhos, em Tomar, por violações repetidas às mulheres da família (ela incluída) não pode ser castigada. ‘Fechar os olhos’ seria apenas cumplicidade, o que, diz a letra da lei, não é punível por se tratar exatamente de familiares diretos. E também não irá depor contra eles.

Gracinda, que tem o estatuto de vítima, mas que reconheceu ao CM que sempre soube dos abusos sexuais às filhas e às netas, só seria punida se tivesse praticado atos relacionados com os abusos. Se tivesse sido coautora. Para já, a Polícia Judiciária de Leiria continua a recolher provas para consolidar o processo. Estão presos os três familiares de Gracinda - o marido e os dois filhos - e há já oito vítimas determinadas.

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A investigação tem seis meses para estar concluída, a contar da data da detenção dos suspeitos. Caso contrário, poderão ser libertados ainda antes de começar o julgamento. Os três familiares estão, para já, na cadeia de Leiria, mas poderão ser transferidos quando passar o período de 14 dias de isolamento devido à Covid-19. Independentemente da prisão onde vão ficar, é certo que terão medidas de proteção para não serem alvo de represálias por parte de outros reclusos.

Gracinda está agora sozinha na casa onde sempre viveu com o resto da família, depois de o marido e dois filhos terem sido presos. Diz-se conformada com a situação que desfez a família. Ao lado vivem as netas, de 7 e 14 anos, com quem não fala desde a intervenção da Polícia Judiciária. Ninguém apareceu na humilde casa, com poucas condições e coberta com imagens de anjos e santos, a perguntar se precisava de qualquer ajuda.

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Diz que "tinha de aceitar e calar"

Diz que "tinha de aceitar e calar"

Em entrevista ao CM, Gracinda demonstra uma aceitação do que aconteceu no seio da família ao longo de 40 anos. "Antigamente era assim, a maioria das mulheres apanhava. O que é que eu podia fazer? Tinha de aceitar e calar." As suas explicações perturbam.

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