Manifestantes pró-Palestina acusam PSP de agressões arbitrárias em Coimbra

Confronto entre PSP e manifestantes resultou em cinco detenções. De acordo com o comunicado, a polícia usou cassetetes e gás pimenta, de forma arbitrária.

03 de outubro de 2025 às 17:02
Manifestação pela Palestina Foto: ANTÓNIO COTRIM/LUSA
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Participantes na manifestação pró-Palestina, que decorreu em Coimbra, na quinta-feira, acusaram esta sexta-feira a PSP de usar violência arbitrária e desproporcional para desmobilizar um grupo que se encontrava a protestar na ponte de Santa Clara.

Segundo um comunicado que representa alguns dos participantes na manifestação e enviado à agência Lusa, a PSP recorreu ao cassetete, gás pimenta e pontapés para tentar retirar um grupo da ponte de Santa Clara, acusando a polícia de um uso desproporcional e injustificado de força.

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O confronto entre PSP e manifestantes resultou em cinco detenções -- quatro mulheres e um homem com idades entre os 19 e os 31 anos -, tendo começado depois de uma manifestação pró-Palestina, marcada para a Praça 8 de Maio, mas que seguiu depois para a ponte de Santa Clara.

Em comunicado, a PSP diz que foi necessário "usar da força estritamente necessária para retirar estas pessoas da faixa de rodagem, com o objetivo de restabelecer a circulação automóvel" naquela ponte, sobre o rio Mondego

No entanto, o comunicado agora enviado pelo grupo de manifestantes conta que, pelas 21:00, quando ainda se encontravam pelo menos 50 pessoas a impedir o trânsito, agentes da PSP e de uma equipa de intervenção rápida, depois de ordenarem as pessoas a dispersarem, recorreram de imediato à violência.

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De acordo com o comunicado, a polícia usou cassetetes e gás pimenta, de forma arbitrária, tal como as detenções, acusam.

Inês Morais, estudante de medicina na Universidade de Coimbra, foi uma das detidas e afirmou à agência Lusa que a primeira interação da PSP com o grupo que estava sentado no chão da ponte "foi partir direto para a agressão física".

"Nós estávamos sentados no chão e começaram a dar-nos pontapés nas costas, empurraram várias pessoas e começaram a usar gás pimenta", diz a estudante de 22 anos, que a determinada altura deixou de ver o que se passava por ter sido atingida pelo spray da polícia.

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Segundo a jovem, quando voltou a ver "alguma coisa", apercebeu-se de uma colega sua que era atirada para o chão e, quando lhe bloquearam a passagem, perguntou se a PSP tinha chamado o INEM para assistir as pessoas feridas.

"Fui insistente nesse pedido, até que um PSP olhou para mim e disse: 'Queres muito ir com eles, não é? Estava mortinho para te agarrar'. Levou-me, atirou-me contra a carrinha, depois pôs-me dentro da carrinha, começou a empurrar-me, eu tentei defender-me com os pés, deu-me um murro na cabeça, junto à orelha, e lançou gás pimenta para a minha cara, já quando eu estava na carrinha", disse.

Depois de ir para a esquadra, Inês Morais foi libertada por volta das 01:00, tendo-se deslocado esta sexta-feira ao Instituto Nacional de Medicina Legal, juntamente com mais alguns manifestantes que acusam a PSP de os ter agredido, para terem relatório pericial dos ferimentos provocados.

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"Há vontade de apresentar queixa. Vim fazer o relatório para que a queixa possa ter mais força", disse.

Questionada sobre o facto de a PSP acusar os manifestantes de injuriar os polícias, Inês Morais disse que as injúrias eram "de parte a parte".

"As palavras que os agentes nos dirigiam também não eram simpáticas", vincou.

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