Ministério Público quer saber “para quê” Ivo Rosa pretende consultar processo em que foi visado
Procurador do Supremo negou acesso ao juiz, dizendo que, apesar de visado na investigação, não era “sujeito processual”.
Por que motivo um cidadão pretende consultar um processo, no qual foi visado? A resposta a esta pergunta é óbvia, menos para o procurador do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, José Albuquerque, que negou ao juiz Ivo Rosa o acesso a uma das investigações a que foi visado, dizendo que o magistrado judicial deveria “dar a saber o ‘para quê’ da pretensão”.
A decisão do procurador do Ministério Público foi tomada, não no processo em que Ivo Rosa terá sido sujeito a vigilâncias e à recolha da sua faturação detalhada, mas noutro inquérito que está nos serviços do MP do STJ. Aliás, no despacho a que o NOW teve acesso, o procurador refere que neste inquérito “não foram realizados atos, envolvendo acesso a metadados ou a outros meios de obtenção de prova sujeitos a autorização judicial”.
Quanto ao pedido de consulta do processo, José Albuquerque rejeitou-o, dizendo, por um lado, que Ivo Rosa “não é sujeito processual” (o juiz nunca foi ouvido) e, por outro, afirmando não bastar a “mera alegação abstrata de um interesse no acesso” a um inquérito arquivado. Exigiu, isso sim, a “demonstração de que nesse acesso se revele a concreta situação em que assenta o interesse”.
Mais: para o procurador, Ivo Rosa deveria ter demonstrado que “as razões para aceder ao processo são legítimas ou atendíeis por assentarem num interesse real, específico e atenuável que se pretenda proteger ou promover”.
Ou seja, não bastava ao juiz ter invocado a sua qualidade de investigado no processo, que soube através da comunicação social. Ivo Rosa, segundo o procurador, teria que esclarecer o que pretende saber.
O juiz Ivo Rosa foi alvo de várias investigações do Ministério Público, mas nunca foi confrontado com qualquer suspeita, fosse como testemunha ou arguido. Os processos correram na Procuradoria-Distrital de Lisboa mas, com a promoção a juiz desembargador (setembro de 2024), os inquérito que ainda estavam pendentes foram transferidos para o Supremo Tribunal de Justiça.
O Ministério Público ainda não respondeu a um pedido do juiz para aceder a outro processo, no qual, segundo adiantou a CNN, foi alvo de vigilâncias por parte da Polícia Judiciária e a sua faturação detalhada do telemóvel foi recolhida pelo Ministério Público.
O magistrado judicial já adiantou que avançará com uma reclamação para o Procurador-geral da República, Amadeu Guerra, que tem evitado falar sobre este tema.
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