Mulher deixa filho de 12 anos à fome e à sede e bate-lhe com ferros
Mulher, de 49 anos, acusada de maus-tratos ao filho, obrigava o menor a tomar banho em sal e vinagre e só o deixava vestir roupa cinzenta.
A mulher começou a revelar alterações de comportamento em 2019. Começou a fazer várias rezas em casa e a ter comportamentos violentos. O filho, então com 12 anos, passou a ser alvo de agressões, inclusive com ferros da lareira. Também era impedido de beber água, passava fome e era forçado a tomar banho em sal ou vinagre. Até maio do ano passado, a arguida, de 49 anos, continuou a maltratar o filho e também o ex-companheiro. Será agora julgada no Tribunal de São João Novo, no Porto, por dois crimes de violência doméstica na forma agravada. A procuradora considera na acusação que a mulher desenvolveu um comportamento psicótico paranóide e pede que seja condenada a submeter-se a tratamento psiquiátrico.
O processo revela que o menino passou por vários episódios dramáticos. A mãe dava-lhe banho com a esponja da louça, só o deixava vestir roupa cinzenta e também o forçava a levar sal grosso no interior das meias quando ia para a escola. No dia 27 de dezembro de 2019, a arguida alegou que sentia presenças em casa e obrigou o filho a ingerir uma pasta cor de rosa, que não se conseguiu apurar ao certo o que era. O menino fugiu de casa e passou desde então a viver com o pai. Ficou definido que de quinze em quinze dias iria passar o fim-de-semana com a mãe e nessas alturas continuou a ser alvo de maus tratos. Diz a acusação que o menor só comia pão com fiambre e leite, pelo que regressava a casa do pai faminto. Continuou a ser forçado a tomar banho de esfregão e era insultado. Numa outra ocasião, o menor foi agredido com puxões nos braços e pancadas nas pernas.
O escalar da violência levou a que já em 2022 ficasse definido pelo tribunal que a criança apenas estaria com a mãe quando assim o desejasse. A partir dessa altura, a mulher, que está em liberdade, começou a perseguir o filho, chegando mesmo a colocar cartazes com a fotografias dos dois junto à escola do menor e também nas imediações da casa do ex-companheiro. O pai do menino tentou retirar os cartazes e foi atacado a murro pela arguida.
Os comportamentos violentos continuaram até ao ano passado. "A arguida agiu sempre com o propósito conseguido de intimidar, amedrontar e importunar as vítimas e de molestar o seu corpo e a saúde, apesar de bem saber que lhes devia uma especial obrigação de respeito e confiança, bem como com o intuito de as atingir na sua integridade psíquica, criando-lhe sentimentos de instabilidade, tristeza, humilhação, vergonha, medo e ansiedade, atingindo com isso a sua dignidade pessoal", diz a acusação.
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