“Não estive à altura do desafio”, diz Pedro Bourbon
Bruxo da Areosa diz que Bourbon “manda". Vítima da Máfia de Braga foi estrangulada em armazém.
A escuta telefónica que trama Pedro Bourbon no processo da morte do empresário João Paulo Fernandes tinha quatro minutos em falta. Um lapso levou a que a conversa nunca tivesse sido totalmente transcrita ou ouvida.
Essa parte da escuta foi esta segunda-feira ouvida no Tribunal de São João Novo, no Porto, e nela Emanuel Paulino, o bruxo da Areosa também arguido, diz que é Pedro Bourbon que "manda". Referia-se à venda dos imóveis dos pais da vítima, bens dos quais se tinham apoderado.
A afirmação é feita depois de o bruxo falar do afastamento entre ambos. Diz a Bourbon que não será definitivo, pois no futuro têm negócios para resolver. "‘Tás’ a falar tipo: há coisas daqui para a frente que é como se eu não estivesse... pronto, que não estou por dentro, estou por fora", diz Pedro Bourbon. Paulino é claro. "Mas tu mandas na mesma", afirma.
O afastamento do advogado dos outros arguidos da Máfia de Braga é também falado nesta parte da conversa. "Eu é que não estive à altura do desafio (...) o que está aqui em causa é eu ter fraquejado ... é eu ter-me afastado, devia ter continuado com tudo, com tudo na mesma", diz Pedro Bourbon.
Já antes, o bruxo da Areosa tinha criticado a atitude do advogado, que até decidiu travar a venda dos bens dos pais da vítima, que foi raptada, assassinada e dissolvida em ácido sulfúrico. "Porque é que foste estúpido?", questiona Emanuel Paulino. O advogado diz que ficou receoso. "Fiquei com medo por aquilo... pelo vexame", diz.
É nesta conversa que é revelada a alegada paixão gay entre o bruxo e o advogado. "És tu que eu amo, que eu mais quero. É a ti que desejo tudo de bom na vida", diz o bruxo.
PORMENORES
Bens de dois milhões
Os bens dos pais do empresário, assassinado em março de 2016, estavam avaliados em dois milhões de euros. A venda fictícia dos bens está agora a tentar ser anulada por um credor no Tribunal de Braga.
"Pensam duas vezes"
Na escuta, Paulino diz que ficou conhecido por dizer que era bruxo. "Só o facto de dizer que sou bruxo é crime e é um vexame, mas fiquei conhecido e agora olham para mim e pensam duas vezes", diz a Bourbon.
Testemunhas de defesa
Ontem o tribunal começou também já a ouvir as testemunhas de defesa do advogado Pedro Bourbon, que arrolou mais de 50 testemunhas.
Máquina da verdade
Pedro Bourbon pediu pela segunda vez para ser submetido ao teste do polígrafo para provar que está inocente. O coletivo de juízes recusou.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt