"Não mostrou arrependimento": Abdul condenado a 25 anos por matar com mais de 40 facadas no Centro Ismaili de Lisboa
Abdul foi condenado à pena máxima pelos homicídios de Mariana e Farana. As mulheres foram brutalmente assassinadas. Tribunal afirma que não era doente mental e tinha consciência do que estava a fazer.
"Abdul nunca se emocionou. Manteve-se sempre frio e altivo. Não mostrou arrependimento, nem empatia pelas vítimas". Estas foram algumas das palavras da presidente do coletivo de juízes que condenou, esta segunda-feira, Abdul Bashir, o refugiado que matou duas mulheres no Centro Ismaili, em Lisboa, a 25 anos de cadeia.
O Ministério Público tinha pedido que Abdul fosse considerado inimputável e internado e não preso. No entanto, o coletivo de juízes entendeu que o refugiado tinha consciência quando cometeu os crimes. Foi assim condenado à pena máxima em Portugal, por dois crimes de homicídio agravado, três de homicídio na forma tentada, um de resistência e coação e, ainda, um de detenção de arma proibida. "O arguido não tinha qualquer doença que no momento da prática dos factos lhe condicionasse a sua vontade ou que o fizesse não perceber o que era certo ou errado e, por isso mesmo, [o tribunal] entendeu que era imputável", considerou a juíza.
Em tribunal, foram ouvidos vários peritos. Nomeadamente um psicólogo e um psiquiatra. O Tribunal acabou por valorizar a análise do psicólogo, que concluiu que Abdul não estava sob efeito de nenhuma doença mental quando praticou os crimes.
À saída do tribunal, a advogada do arguido afirmou que este é inimputável e que "não está preparado para uma prisão normal", assim como que é um perigo para si próprio e para terceiros. "Obviamente que vamos recorrer. Houve uma alteração substancial dos factos e a juíza nem sequer deu prazo ao arguido [para se pronunciar]", disse a advogada de Abdul Bashir, Fátima Pires. Também à saída do tribunal, a mãe de Mariana, uma das vítimas mortais, reagiu à pena. "O que ele fez à minha filha... é um monstro. Hoje vou com o coração mais leve. Nada traz a minha filha de volta, mas pelo menos foi feita alguma justiça", disse entre lágrimas e sem esconder a emoção.
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Em tribunal, a juíza recordou ainda que "Mariana foi vítima de 43 facadas e em três momentos distintos", o que revela a frieza e crueldade do crime cometido.
Abdul esteve até agora internado num hospital-prisão. No entanto, com esta decisão do tribunal será transferido para uma cadeia tradicional, onde não terá o acompanhamento que teve até agora.
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