Pagavam para ganhar concursos na saúde

João Roseiro, engenheiro de 63 anos, quadro da Administração Regional de Saúde do Norte, terá recebido em ‘luvas’ mais de dois milhões de euros desde 2010. As suspeitas são da Polícia Judiciária que esta sexta-feira avançou para a prisão do quadro superior da ARS. Foram feitas buscas no seu gabinete de trabalho, nas duas casas que estão em seu nome e em uma agência bancária da Póvoa de Varzim. Foi apreendido mais de meio milhão de euros.

Há meses que as suspeitas eram comentadas à boca cheia na ARS. Uma auditoria tinha mostrado algumas fragilidades e muitos funcionários suspeitavam de atos de corrupção. João Roseira foi um dos casos participados à Polícia Judiciária do Porto, já que existiam indicações de que receberia dinheiro de empresas para dar pareceres favoráveis no caso de adjudicações de obras.

Estavam em causa essencialmente obras elétricas nos centros de saúde. Montantes elevados, onde João Roseira poderia cobrar uma comissão.

Sabe o CM que o arguido apresentava um elevado nível de vida que não era compatível com o ordenado auferido como funcionário público. Na casa onde mora, foram encontradas joias, ouro e relógios de alto preço. Ao que tudo indica comprados com o dinheiro que ganhava por fora.

Em comunicado, a Judiciária garante que o funcionário público terá violado as suas obrigações funcionais em processos de adjudicação e acompanhamento de obras, causando com essa conduta um elevado prejuízo ao erário público.

Ontem, João Roseira foi preso na sequência de mandados emitidos pelo Ministério Público – que coordena a investigação – e levado ao tribunal de Instrução Criminal do Porto. Ficou em prisão preventiva até lhe ser colocada a pulseira eletrónica. A investigação vai continuar para apurar a identidade dos corruptores ativos.