Pressão mundial com roubo em Tancos

Embaixadas no estrangeiro pedem esclarecimentos urgentes ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.

04 de julho de 2017 às 01:30
Roubo nos paióis do Exército gera onda de preocupação nas embaixadas e nos consulados portugueses e nos países da CPLP Foto: João Cortesão
Assalto a Tancos pode estar relacionado com redes de crime Foto: Rui Miguel Pedrosa
Tancos tem milhares de militares, a maioria pertencente à Brigada de Reação Rápida do Exército Foto: João Cortesão

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O assalto à base militar de Tancos está a gerar preocupação a nível mundial, com embaixadas de vários países a pedirem informações sobre a localização do armamento roubado e sobre os procedimentos que estão a ser feitos pelas autoridades portuguesas para encontrarem o material.

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Ao que o CM apurou, os esclarecimentos têm sido pedidos às embaixadas e aos consulados portugueses no estrangeiro pelos governos dos países onde estes estão sediados, através dos respetivos ministérios dos Negócios Estrangeiros ou ministérios do Exterior. Os pedidos que chegaram a Lisboa foram enviados, principalmente, de nações integradas na Comunidade de Países de Língua Portuguesa e no Tratado do Atlântico Norte, como a Turquia e os Estados Unidos da América.

Desde quinta-feira, 29 de junho, dia em que foi tornado público que tinham sido assaltados os armazéns do Exército, que as embaixadas portuguesas no estrangeiro têm enviado sucessivos pedidos de informação para o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) em Portugal. Fonte contactada pelo CM chega a referir que a caixa de correio eletrónico do MNE ficou "praticamente entupida" devido à quantidade de mensagens enviadas pelas embaixadas portuguesas.

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A gravidade da situação levou, ontem, o ministro Augusto Santos Silva, que tutela a pasta, a classificar "a violação de instalações militares" como "um acontecimento muito grave". Em declarações aos jornalistas, depois de um encontro com António Guterres, o ministro garantiu que Portugal está a desencadear "todas as diligências para que os factos e as responsabilidades sejam totalmente apurados, assim como todas as medidas para reaver o material roubado" na noite de quinta-feira.

O CM pediu esclarecimentos ao Ministério dos Negócios Estrangeiros quanto aos pedidos das embaixadas estrangeiras e relativamente à resposta que lhes foi dada pelo Palácio das Necessidades, mas a tutela respondeu apenas que "os protocolos de segurança aplicáveis em casos como estes foram ativados". 

Conselho Superior do Exército reuniu todo o dia 

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Ministro aprende a falar com os jornalistas

PORMENORES 

Preocupação geral

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Países da NATO, como a Turquia e os Estados Unidos da América, e nações da Comunidade de Países de Língua Portuguesa pedem informações urgentes a Portugal.

Lista das armas

O inventário com todos os itens furtados da base militar de Tancos foi divulgado no domingo por um jornal espanhol. A lista é idêntica à que o CM publica desde sexta-feira.

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Comandantes afastados

Cinco comandantes foram exonerados após o assalto à base de Tancos. Depois do furto, o Exército decidiu afastar os coronéis Paulo de Almeida, Ferreira Duarte, Hilário Peixeiro, Teixeira Correia e Amorim Ribeiro.

Exoneração dá cobertura

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O major-general Bargão dos Santos considerou ontem que a exoneração de cinco comandantes "é aparentemente uma decisão que dá cobertura ao poder político, que atenua responsabilidades do Exército ao nível da chefia".

Secretas procuram armas em Espanha 

A comunicação foi feita pelas secretas espanholas e motivou a deslocação, com caráter de urgência, de uma equipa do Serviço de Informações de Segurança (SIS) para o país vizinho.

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Ao que o CM apurou, a informação dada pelos serviços secretos espanhóis dava conta de que o material de guerra levado da base militar de Tancos estaria prestes a ser encontrado.

Segundo o Ministério do Interior de Espanha, o roubo das armas está relacionado com redes de crime organizado ligadas ao tráfico de armas e não com grupos terroristas, como o Daesh. Essa informação foi dada por Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, ao homólogo espanhol, Juan Ignacio Zoido, durante uma visita oficial a Sevilha.

Ainda assim, o uso eventual das armas para crimes terroristas está em cima da mesa e a possibilidade está a ser investigada pela Unidade de Contraterrorismo da Polícia Judiciária (PJ).

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