Protestos nas prisões alastram no País
Reclusos contestam greve dos guardas com ações em Lisboa, Custoias, Leiria, Funchal e Covilhã.
Depois do motim na cadeia de Lisboa – a que se seguiram protestos no Linhó e em Custoias – foi a vez dos reclusos de Leiria, Funchal e Covilhã se manifestarem contra os efeitos das greves dos guardas prisionais – anulação de visitas, de almoços e jantares de Natal, fecho de bares e até limitação de contactos telefónicos ou disponibilização de medicamentos.
Na cadeia da Covilhã, os reclusos deslocaram-se até ao refeitório, mas depois recusaram a refeição e o regresso às celas, em protesto contra a ausência de telefonemas durante a greve.
A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais esclareceu que "a diretora do estabelecimento falou com os reclusos, tendo a refeição e o retorno às celas decorrido com inteira normalidade".
Na cadeia para jovens de Leiria, um detido "pegou, no interior da sua cela individual, fogo ao colchão". "A situação foi imediatamente detetada e controlada, com os meios próprios do estabelecimento, pelos guardas de serviço." Já na Madeira, "seis reclusos" avançaram para uma greve de fome, "invocando motivos de natureza pessoal". Foram separados e estão a receber acompanhamento clínico.
PORMENORES
Reclusa morre em Tires
Uma reclusa da cadeia de Tires foi encontrada morta pelas duas colegas de cela, na manhã de quarta-feira. A DGRSP garante que "o percurso prisional da reclusa não permite, à partida, presumir" que a morte tenha resultado de overdose.
Greves até janeiro
Estes protestos surgiram depois de os dois sindicatos da guarda prisional anunciarem greves contra o novo estatuto e os horários de trabalho impostos pela DGRSP. A contestação dura desde o início do ano e vai continuar até 5 de janeiro.
"Sempre que saio de casa, tenho medo de não voltar"
A frase do guarda Paulo Fernandes resume bem o protesto dos guardas prisionais pela revisão do estatuto profissional: "Sempre que saio de casa, tenho medo de não voltar." Esta quinta-feira, esse protesto transformou-se numa vigília. Munidos de comida e agasalhos, entre 30 e 40 guardas acamparam frente ao Palácio de Belém para fazer um apelo ao Presidente: faça uma visita ao Estabelecimento Prisional de Lisboa, tal como prometeu em fevereiro, para ver as condições de trabalho.
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