Seguranças acusados de agredir cliente no Porto recusam falar em tribunal

Vítima ficou com visíveis limitações ao nível da locomoção, fala e memória.

14 de maio de 2018 às 17:36
Tribunal São João Novo, Porto, Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, Ministério Público, 4.ª Vara Cível do Porto, Notas de Depósito Autónomo, Pessoa, Hugo Pereira e Costa, crime, lei e justiça, tribunal, julgamentos Foto: Rafaela Cadilhe
Tribunal Foto: Getty Images
Tribunal Foto: Getty Images

1/3

Partilhar

Os dois seguranças que começaram esta segunda-feira a ser julgados por alegadas agressões, em 2013, a um cliente do bar onde exerciam funções de forma ilegal, deixando-o com sequelas graves e permanentes, não quiseram prestar declarações.

Além destes dois arguidos, presos à margem de outro processo, acusados de homicídio na forma tentada, roubo, detenção de arma proibida e exercício de segurança ilícita, o processo envolve mais dois arguidos, outro segurança e a proprietária do estabelecimento, que faltou à audiência, por exercício de segurança ilícita.

Pub

Segundo a acusação, a que a Lusa teve acesso, a 05 de agosto de 2013, cerca das 13h00, num bar do Porto, durante o evento "Lotus After Hours", os dois arguidos, que exerciam segurança ilícita no estabelecimento, agrediram um cliente a socos e pontapés, deixando-o em coma.

Misturados com os clientes, os arguidos, de 28 e 37 anos, só intervinham em caso de distúrbios, porque exerciam funções de segurança sem uniforme e cartão profissional, refere o Ministério Público.

Pub

Um dos arguidos, tido como o chefe de segurança, reconheceu um cliente, com quem se tinha desentendido anos antes, decidindo ajustar contas, adianta.

Assim, este arguido e outro segurança abordaram a vítima de 42 anos e agrediram-no a socos e pontapés na cabeça, depois de o empurrarem para fora do estabelecimento.

Após o deixarem inconsciente, abandonaram-no no chão, na via púbica, e roubaram-lhe um telemóvel, um cordão em ouro e documentos pessoais, acrescenta a acusação.

Pub

Transportado para o hospital, onde esteve em coma durante um mês, a vítima ficou com sequelas permanentes, nomeadamente com uma perturbação psíquica, lentidão de pensamento, impulsividade, mudança de personalidade e diminuição de energia.

Durante a audiência, a vítima, com visíveis limitações ao nível da locomoção, fala e memória, referiu que "infelizmente" não se lembra de nada, a não ser que foi para o bar e, quando entrou, viu o segurança com quem há uns anos teve um desentendimento e "pressentiu" que algo ia acontecer.

"Tentei ligar ao meu irmão, mas ele não atendeu, dancei um pouquinho e não me lembro de mais nada, infelizmente, só de acordar no hospital e não reconhecer a minha mãe", disse.

Pub

Não conseguindo explicar mais nada, a vítima contou que teve de aprender a fazer tudo, desde falar a caminhar.

"A minha vida acabou, perdi tudo, até o meu casamento acabou, já nem alegria de viver tenho", relatou.

Emocionado, a vítima confidenciou que não tem amigos porque não consegue socializar, tornou-se ansioso, tem problemas de controlo e ficou com 80% de incapacidade.

Pub

"As perspetivas de melhorias, segundo o médico, não são nenhumas, a minha vida acabou aos 42 anos", reforçou.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar