"Tivemos os quatro uma grande sorte"
Pescadores estiveram mais de uma hora numa balsa.
Os quatro pescadores do ‘Arcanzil’, de 14 metros e a trabalhar a partir do porto de Sesimbra, nem tiveram tempo de pedir ajuda via rádio. Em segundos, a embarcação afundou-se. Saltaram para a balsa salva-vidas e estiveram mais de uma hora à deriva, a 5 milhas a sudoeste do Cabo Espichel. Acabaram resgatados pela tripulação de outro barco de pesca, o ‘Carlos e Rui’, que passava a caminho do seu local de faina.
Manuel Fernando, Caetano José, Ruben Martins (todos de Vila do Conde) e José Moita Martins (da Póvoa de Varzim), entre os 27 e os 49 anos, andavam ‘às redes’ e seguiam para outro local quando o barco começou a meter água. "Tentaram salvar o barco mas não conseguiram. O mestre foi o último a entrar para a balsa, já em grande dificuldade porque a embarcação afundou-se de repente. Eles disseram-me: ‘Tivemos os quatro uma grande sorte’", explica ao CM José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.
Eram perto das seis da manhã. Os homens estiveram mais de uma hora à deriva até verem, ao longe, as luzes do ‘Carlos e Rui’. "Lançaram o very-light da balsa, que foi visto pelo mestre. Ainda atiraram um pote de fumo para a água", conta Festas.
Os oito tripulantes do ‘Carlos e Rui’, que andavam no mar há mais de 20 horas e estavam a regressar à pesca após terem descarregado, apanharam os quatro náufragos e avisaram a Marinha. A Capitania de Setúbal enviou uma lancha, mas foi o ‘Carlos e Rui’ a deixar as vítimas em Sesimbra.
Estavam em hipotermia e foram levados para o Hospital de Setúbal, de onde receberam alta a meio da tarde. Nenhum dos náufragos quis prestar declarações. Já o armador do ‘Carlos e Rui’ proibiu os pescadores heróis de falarem ao CM
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