Um barril de pólvora: Incêndio em Ponte da Barca coloca em risco Parque Peneda-Gerês
Incêndio de Ponte da Barca, que lavra desde domingo, já destruiu seis mil hectares de área protegida.
“Se o fogo chega à Mata do Cabril, temos para quinze dias”. A declaração é de um técnico do Parque Nacional da Peneda-Gerês, que preferiu não ser identificado, mas que deixou um alerta alarmante sobre a situação na mais importante reserva ecológica de Portugal, em que arderam desde domingo, no grande incêndio de Ponte da Barca, mais de 6 mil hectares.
“Já foram apresentados dezenas de planos de prevenção e de combate, alguns com a catalogação de pioneiros, sempre a falar do objetivo de proteger o Parque Nacional, mas a verdade é que não existem planos e muito menos meios. Esta importantíssima reserva ecológica tem-se mantido quase por milagre”, referiu o mesmo técnico, apelando a que se faça tudo o que for possível para evitar a chegada das chamas à Mata do Cabril, um zona de proteção integral.
Apesar dos meios no terreno, as chamas, em Ponte da Barca, não têm dado tréguas. Na noite de quarta para quinta-feira foram mesmo retirados 150 moradores de quatro aldeias: Britelo, Sobredo, Germil e Lourido.
Esta quinta-feira, os reacendimentos tornaram-se incontroláveis na encosta virada ao rio Lima e do outro lado da Serra Amarela, tendo mesmo atingido o concelho de Terras de Bouro. Até ao fecho desta edição não havia notícia de que tivessem chegado à Mata do Cabril.
Para além deste de Ponte da Barca, mantiveram-se mais dois grandes incêndios a dar trabalho aos bombeiros e a preocupar as populações locais. Em Arouca, nomeadamente na localidade de Canelas, as chamas chegaram a estar quase dominadas, mas com o calor do dia voltaram a ganhar força.
O mesmo sucedeu em Tarouquela, no concelho de Cinfães, assim como em Capela, concelho de Penafiel. Aliás, este incêndio alastrou também às zonas de Rio Mau, Canelas e também de Melres, já no município de Gondomar. Foi no combate a este incêndio que um avião Canadair sofreu problemas mecânicos, acabando o piloto por amarar no rio Douro, na zona de Entre-os-Rios. Ninguém ficou ferido.
Em termos de habitações ameaçadas pelas chamas, este foi o incêndio mais problemáticos, valendo em muitos casos a ação dos populares, que, a muito custo, foram evitando a chegada do fogo às casas. Ao final do dia, as autoridades chegaram mesmo a aconselhar a população de Canelas a abandonar as suas casas.
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