Velocidade contra cais errado faz 37 vítimas
‘Antero de Quental’ seguia a 24,4 km/h a apenas 72 metros do Terreiro do Paço.
A 72 metros do cais do Terreiro do Paço, e quando devia seguir a bem menos de 10 nós, o catamarã ‘Antero de Quental’ ia a 13,2 nós (24,4 km/h). Naquela manhã de 25 de janeiro estava nevoeiro cerrado e o mestre Rui Lopes desorientou-se. Em vez de se fazer ao pontão habitual, foi de frente para a doca da Marinha. Só deu pelo erro a 10 metros de bater.
A colisão violenta provocou 37 feridos entre os 561 passageiros e danos graves na embarcação.
De acordo com o relatório ao acidente, do Gabinete de Investigação de Acidentes Marítimos, a que o CM teve acesso, a generalidade da viagem entre o terminal de passageiros do Barreiro, de onde saiu às 08h09, e o Terreiro do Paço, onde acabou por colidir às 08h27, foi realizada acima da velocidade aconselhada.
A Soflusa diz que a velocidade máxima com visibilidade reduzida no Tejo é de 14 nós (26 km/h). Ora, com nevoeiro cerrado, a velocidade média foi de 16,8 nós, com picos superiores a 20 nós (37 km/h). Os mesmos procedimentos de segurança dizem que à distância de mil metros do cais a velocidade máxima é de 10 nós. A cerca de 200 metros o catamarã seguia a 16,7 nós (31 km/h).
Os investigadores descrevem que quando se apercebeu que ia bater (alertado pelo maquinista a apenas 10 metros da doca), o mestre pôs os motores a toda a ré, o que abrandou a velocidade mas não impediu o impacto.
É concluído pelo Gabinete de Investigação de Acidentes Marítimos que "não foram cumpridas as recomendações sobre velocidade de segurança (...) e velocidade máxima na área de aproximação ao terminal do Terreiro do Paço".
Igualmente "houve uma inadequada avaliação da posição real do navio" em relação ao cais. Os investigadores dizem ainda que o mestre terá feito uma "incorreta leitura dos equipamentos auxiliares de navegação".
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