Vítimas dos fogos na Pampilhosa da Serra estão sem apoio
Agricultores candidataram-se a tratores que nunca chegaram.
Mário Baptista, de 42 anos, perdeu nos incêndios de outubro de 2017 os dois tratores que eram essenciais no trabalho do campo em Fajão, Pampilhosa da Serra. Diz ter apresentado candidatura para que fosse feita a reposição de "pelo menos um deles, que era o que fazia mais falta".
Ano e meio depois dos incêndios, continua à espera e até já perdeu a esperança: "Deram os tratores mas a mim não me calhou nenhum." Mário viu-se obrigado a comprar um mais pequeno do que aqueles que perdeu. "Comprámos um trator pequeno, com 30 anos, mas não havia dinheiro para mais."
Mário Baptista viu as chamas a entrarem na aldeia de Fajão e destruírem casas e bens. Perdeu um barracão agrícola, uma carrinha e a casa dos pais também foi afetada. A família recebeu um apoio de quatro mil euros do Estado, assim como material de construção civil. "Só os tratores é que nunca vieram", lamenta.
Não é caso único no concelho. Outras famílias, que pediram para não serem identificadas, queixam-se de não terem sido compensadas também por tratores que perderam.
"Tinha um grande e dois mais pequenos e não tive direito a nada", queixa-se um dos lesados. O presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra, José Brito Dias, afirma não ter chegado à autarquia qualquer queixa e que o processo de atribuição dos tratores foi conduzido pela Cáritas. Margarida Carvalho, da Cáritas de Coimbra, garante que todos os processos que chegaram à instituição foram contemplados com os veículos agrícolas.
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