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Relatório denuncia socorro falhado no fogo de Pedrógão

Bombeiros parados, populações abandonadas à sorte e comunicações falhadas.

29 de novembro de 2017 às 09:40

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Comunicações falhadas, carros em contramão, bombeiros parados e famílias perdidas. São as principais conclusões do capítulo 6, até agora ‘escondido’, do relatório sobre o fogo de Pedrógão Grande, elaborado pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Universidade de Coimbra. Informações que chegaram esta terça-feira, no dia em que o Governo fixou o valor mínimo de 70 mil euros de indemnização por cada uma das 110 vítimas dos dois grandes fogos.

"O capítulo descreve os acidentes que vitimaram as pessoas. Contámos 65 vítimas mortais [em Pedrógão] e agrupámos essas histórias em 27 casos. Prestámos atenção aos casos associados à EN236. E só ali, em 400 metros, morreram 30 pessoas, e procurámos explicar o que se passou", diz ao CM Xavier Viegas, um dos autores do estudo, sem revelar pormenores do capítulo em causa.

As quase 100 páginas mostram a descoordenação e o caos vividos a 17 de junho, em que a maior parte das mortes ocorreu das 19h30 às 20h30. Gina e Marcelo Nunes, a mãe e o irmão de Bianca, de três anos, morta com a avó, contaram que abordaram vários condutores para que parassem, pois a criança estava presa na cadeira do carro, e que chegaram a abrir as portas de viaturas em andamento e a entrar.

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Relatório denuncia socorro falhado no fogo de Pedrógão

O capítulo compila relatos de sobreviventes e tenta perceber as diferenças de comportamentos, até porque "a atitude das decisões que foram tomadas levou umas pessoas a salvar-se e outras a não terem essa sorte", destaca Xavier Viegas.

O relatório fala das circunstâncias em que ocorreu o choque entre o autotanque e um ligeiro que matou dois civis e o bombeiro Gonçalo Conceição. Outros bombeiros tentaram, sem sucesso, ligar para o 112. E há descrições de bombeiros estacionados, sem participar no combate, junto a uma serração onde foi encontrado o corpo de Luciano Joaquim, 79 anos.

Um sobrevivente pediu ajuda para apagar o fogo nas pilhas de madeira para evitar a propagação e a resposta foi de que não tinham ordens para avançar. 

Provedora avalia agora caso a caso 

O Governo fixou em 70 mil € – livres de impostos – o valor da indemnização para 110 vítimas, mas será agora a provedora de Justiça a avaliar caso a caso. 

PORMENORES 

Histórias das vítimas

"Respeitamos a posição do Governo e da comissão em procurar preservar a privacidade e intimidade das pessoas. Agora também entendemos que muita da informação que está contida nestes relatos é informação pública", disse Xavier Viegas.

Relatório inclui Alzira

O processo de Alzira Costa, idosa da Senhora da Piedade que morreu atropelada, corre em separado das 65 mortes. O relatório de Xavier Viegas incluiu-a entre as demais vítimas.

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