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Artigo exclusivo

Empresário na lista do voo polémico investigado por ligações ao Benfica

Foi Bruno Macedo, o empresário de futebol que representou Jorge Jesus, quem falou do jato privado aos encarnados.

20 de fevereiro de 2021 às 01:30

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Bruno Macedo, o empresário que estava na lista de passageiros para regressar no jato privado onde foi encontrada a droga, tem várias ligações aos encarnados. Foi ele quem indicou ao clube aquele avião, para que Lucas Veríssimo pudesse vir a 6 de fevereiro para Portugal - e por isso consta o nome do atleta na primeira listagem. A solução foi posteriormente rejeitada pelo clube que optou por um voo regular.

O empresário está a ser investigado num outro processo-crime que corre no nosso país. As suspeitas deram origem em novembro passado a buscas a Bruno Macedo, por suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Também o Benfica foi alvo de buscas na mesma investigação e, segundo dizem os mandados do Ministério Público que o CM consultou, a comissão paga ao empresário de Talisca acabou numa empresa de António Salvador, a Britalar.

Os investigadores diziam mais: que a venda aos encarnados, feita pelo clube brasileiro Bahia, custou 350 mil euros, mas vinha acrescida do pagamento de 400 mil a uma empresa também brasileira - a B&C Acessória Esportiva -, a título de comissões.

Esta empresa pertencia, à data, ao advogado Vespasiano Macedo e Bruno Macedo, pai e filho. O primeiro era administrador da Britalar - a empresa de António Salvador, presidente do Sporting Clube de Braga - o segundo era responsável pelo gabinete jurídico do mesmo clube. O MP defende que o dinheiro da comissão foi depois para a empresa bracarense, o que Bruno Macedo desmentiu na altura ao CM.

Nas buscas do final deste ano, as autoridades tentaram saber tudo o que dizia respeito a Bruno Macedo. O empresário tinha ganho protagonismo ao estar envolvido na contratação de Jorge Jesus, no regresso ao Benfica, embora enquanto advogado do Flamengo. E surgia em diversos negócios envolvendo não só os encarnados, mas também os azuis-e-brancos, alguns deles envolvendo também elevadas comissões. Foi também ele quem levou Jorge Jesus para o Brasil.

O CM tentou agora ouvir Bruno Macedo, o que não foi possível, embora tivéssemos feito vários contactos para o seu número de telemóvel, ao longo de toda a tarde.

Droga escondida na fuselagem do avião

Os 500 quilos de cocaína apreendidos pelas autoridades brasileiras estavam escondidos na fuselagem do avião. A droga não fazia parte da carga da aeronave e só foi descoberta porque foi detetado um problema técnico, que obrigou à vistoria do jato privado.

“Na viagem para o aeroporto em Salvador, a fim de aguardar pela autorização de regresso para Lisboa, foi detetado um problema técnico durante a aproximação. Esta situação ocasionou a necessidade de intervenção de manutenção no avião tendo sido prontamente solicitada pelo comandante do voo à Dassault, fabricante do avião em São Paulo. Neste sentido, existiu a necessidade de abrir um painel técnico na fuselagem do avião onde encontraram um volume afixado à estrutura interna do avião”, explicou esta sexta-feira a Omni, em comunicado. É esta a empresa de aviação privada que detém o Falcon 900B, que entretanto já terá sido alvo de perícias. A avaria poderá ter sido provocada pela inserção dos pacotes de droga na fuselagem do aparelho. “A investigação em curso está em segredo de justiça, motivo pelo qual nada mais podem adiantar”, acrescentou a Omni.

De acordo com a empresa, a tripulação do voo regressou a Portugal há vários dias. O CM tentou falar com os tripulantes, designadamente o comandante e uma hospedeira de bordo, mas ninguém aceitou prestar declarações, remetendo esclarecimentos à empresa para qual trabalham.

A Omni tem sede em Porto Salvo, Oeiras. Tem uma frota com dezenas de aeronaves e opera em vários mercados. O grupo detém várias empresas. O aluguer de jatos privados caiu substancialmente devido à situação pandémica e restrições aéreas.

Hugo Cajuda e Bruno dos Santos ainda não foram chamados pela Polícia Federal

Hugo Cajuda e Bruno dos Santos dizem que até à data não foram contactados pelas autoridades brasileiras. Garantem que nenhum dos dois esteve alguma vez no avião. “Estamos inteiramente disponíveis para colaborar em tudo o que se revelar útil para afastar qualquer implicação na apreensão de estupefacientes”, afirmaram num comunicado enviado ao CM.

“Somos totalmente alheios à apreensão dos 500 kg de cocaína e cuja existência, origem ou destino desconhecemos por completo. Apenas tomámos conhecimento dos factos pelas notícias divulgadas pela comunicação social”, acrescentam.

“Foi João Loureiro quem falou no voo para Lisboa ao Bruno Carvalho Santos”

“Foi João Loureiro que falou no voo privado para Lisboa ao Bruno Carvalho Santos, que, por sua vez, o mencionou ao meu filho, Hugo Cajuda”, disse esta sexta-feira, ao CM, Manuel Cajuda. “Eles acabaram por não aceitar viajar no avião em causa, dado que entretanto surgiu um negócio de jogadores, pelo que tiveram de ficar mais tempo no Brasil”, frisou.

Cajuda adiantou, ainda, que o “motivo inicial” da ida do filho ao Brasil teve a ver com o Palmeiras: “O Hugo levou o Abel para o Palmeiras e o clube convidou-o para assistir à final da Libertadores.”

Plano inicial previa voo mais cedo

O plano de voo revela que a viagem entre São Paulo e Salvador estava prevista para dia 6. No dia seguinte, o jato seguiria para Cabo Verde, onde faria escala, até Cascais. Voo acabou por ser no dia 9.

‘Coca’ colocada em pacotes desportivos

Há suspeitas de que a droga tenha sido colocada no avião em São Paulo, onde o aparelho esteve vários dias parado. A droga estava escondida em vários pacotes com logotipos de marcas desportivas.

Site de empresa de aviação em baixo

O site da Omni está em construção, pelo que não é possível aceder a dados como os órgãos sociais da empresa. Ao CM, a assessoria da Omni recusou revelar quem é o presidente da empresa de aviação.

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