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Artigo exclusivo

Serial killer de Santa Comba Dão tem primeira precária após 15 anos

Tribunal de Execução de Penas concede primeira saída ao ex-cabo da GNR António Costa, que assassinou três jovens.

01 de junho de 2021 às 01:30

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António Costa na altura da reconstituição dos homicídios
António Costa na altura da reconstituição dos homicídios Direitos Reservados
Homicida mostrou como matou
Homicida mostrou como matou Nuno André Ferreira
Isabel Isidoro, de 17 anos
Isabel Isidoro, de 17 anos CMTV
Mariana Lourenço, 18 anos
Mariana Lourenço, 18 anos
Joana Oliveira, 17 anos
Joana Oliveira, 17 anos DIREITOS RESERVADOS
Roldino e João Isidoro, pai e irmão de Isabel, em 2012
Roldino e João Isidoro, pai e irmão de Isabel, em 2012 Luis Oliveira
António Costa, a sair da cadeia de Évora
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O homem que ficou conhecido como o serial killer de Santa Comba Dão, agora com 68 anos, vai estar em liberdade até às 10h00 de quinta-feira, mas está proibido de ir à terra onde cometeu os crimes. Mesmo assim, os familiares das vítimas estão “incrédulos” com a saída precária do triplo homicida e revoltados com a Justiça. “É uma tristeza e uma vergonha, mas é a Justiça que temos”, afirmam.

António Costa saiu da cadeia de Évora às 10h00 desta segunda-feira e tinha à sua espera um homem. Visivelmente bem cuidado e não muito diferente de 2007, ano em que foi julgado no Tribunal da Figueira, depois de ter sido detido em 2006, não respondeu às várias perguntas feita pelo CM, nomeadamente se se considerava um homem diferente.

Segundo se apurou, nesta e nas próximas saídas precárias de que vai beneficiar, António Costa não se pode deslocar a Santa Comba Dão, onde ainda reside a mulher. Estas saídas vão ser condicionadas devido ao alarme social que pode provocar, isto porque apesar de já terem passado 16 anos do primeiro crime, ainda continuam bem presentes na memória dos familiares das vítimas e na da população em geral.

Os crimes aconteceram entre maio de 2005 e maio de 2006, na sequência de assédio e abuso sexual. Isabel Isidoro desapareceu a 24 de maio. Foi asfixiada até à morte após atos sexuais e transportada até à zona da Figueira da Foz, onde foi atirada ao mar. O cadáver foi descoberto por pescadores e foi sepultado naquela cidade com identidade desconhecida. Mariana Lourenço foi morta em outubro de 2005 e atirada ao rio Mondego. Joana Oliveira desapareceu a 8 de maio de 2006 e encontrada cadáver numa barragem. n

“Uma coisa é o que eu penso, outra é o respeito à Justiça”

Os familiares das duas primeiras vítimas não quiseram adiantar muito em relação à precária do cabo Costa.

Em Gestosa, onde moram atualmente os pais e o irmão gémeo de Isabel Isidoro, o irmão limitou-se a dizer: “Uma coisa é o que eu penso, outra é o que é a Justiça, que temos de respeitar.”

Já os familiares de Mariana Lourenço referiram “não esquecer”, acrescentando: “Temos de continuar a vida e deixar os sentimentos para trás das costas.”

Pormenores

Indemnização longe do valor decidido

A indemnização mais alta a que foi condenado o cabo Costa foi de 150 mil euros, à família de Joana, a mais nova das vítimas. Deste valor, a família, que suportou as custas judiciais, recebeu apenas 12% (18 mil euros).

Sangue no carro

A presença de sangue de Joana Oliveira no carro do cabo António Costa foi determinante para o esclarecimento do triplo homicídio. Até essa altura, os inspetores da Polícia Judiciária de Coimbra tinham poucos elementos de prova.

Militar exemplar

A detenção e a confissão dos crimes foi um choque para a população de Santa Comba Dão e, sobretudo, para os seus colegas da GNR, que o tinham como um cidadão e profissional exemplar. António Costa chegou a ser o condutor do comandante da GNR de Viseu.

Casa do Benfica e Fátima

António Costa era um dos elementos mais dinâmicos da Casa do Benfica de Santa Comba Dão. Por outro lado, participava em peregrinações a Fátima e ajudava peregrinos na estrada.

Ajudou nas buscas

António Costa participou em algumas ações de buscas às jovens desaparecidas, dando ânimo aos familiares, dizendo-lhes que elas iriam aparecer a qualquer altura - já estavam mortas.

Liberdade condicional

O recluso António Costa pode apenas obter a liberdade condicional após cumprir 20 anos e dez meses da pena. Até lá, e salvo alguma alteração, vai poder gozar saídas precárias de quatro em quatro meses.

Corpo em saco de serapilheira

O homicida matou a jovem Mariana Lourenço, colocou o corpo num saco de serapilheira e levou-o até ao rio Mondego, na zona de Almaça. Sabia que a zona era de águas profundas porque, em tempos, tinha participado no socorro a um carro que tinha caído ao rio.

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