Procurador pede pena máxima para homicida de Daniela Padrino. Antes do crime pesquisou sobre pistolas, facas e as melhores lâminas para perfurar.
Acusado de passar com o carro 7 vezes por cima da ‘ex’ exalta-se com juíza: “Quer que lhe faça um desenho?”
João Pedro Oliveira quis dar mais explicações ao coletivo de juízas do tribunal de Matosinhos esta terça-feira, depois de ter chegado o relatório da pesquisa informática ao telemóvel que usava. Os dados do Google maps indicam que estaria na Rua Padre Costa, em São Mamede de Infesta, na zona da residência da vítima, Daniela Padrino, a 4 de junho. “Eu fiz essa pesquisa. Eu andava a enviar emails à Daniela. Estava com alguma esperança de reatar o relacionamento. Descobri que o namorado não podia ter filhos e achei que ela podia não querer continuar o relacionamento”, referiu o arguido, que está em preventiva.
Às juízas explicou como teve conhecimento da morada. “Foi através da ex-namorada dele que soube da morada da Daniela e que ele não podia ter filhos. Eu imaginei que eles estivessem a viver juntos. Como eles já estavam noivos. Parti do princípio que ela já não estava na casa dele”, contou.
Já a 6 junho, dia do crime, o relatório indica que João Pedro estava na EN14. “Decidi vir ao Porto nesse dia. Essa era a minha localização exata”, referiu dando mais pormenores, sempre de forma extremamente fria. “Estacionei o carro numa ruela e saí de lá quando a vi. Eu chamei-a e ela ignorou-me. Continuou a andar para a frente mais acelerada. Senti-me ignorado por ela e fiquei a pensar no que ia fazer. Depois fiquei ali uns 3/4 minutos. E fui à procura dela outra vez e fui de carro na direção em que ela estava a caminhar”, indicou.
O arguido chegou a exaltar-se nas explicações, após a juíza presidente do coletivo ter ficado com dúvidas. “Mas como quer que eu lhe explique? Eu posso-lhe fazer um desenho se quiser”, disse enervado.
“Não sou tão totó quanto isso e não vai falar para mim nesse tom”, referiu a juíza Ana Paula Oliveira.
João Pedro chegou a pesquisar na internet sobre pistolas “ilegais a 100 euros”, lâminas “melhores para perfurar”e facas militares, revela ainda o relatório. “Comecei a ficar mais transtornado a saber que iam casar e comecei a ter ideia de fazer mal ao noivo”, revelou. Pesquisou ainda sobre detetives privados. “Era para saber onde ele morava. É que eu queria-a confrontar. Na altura andava de cabeça perdida. Queria falar com ela e resgatar o relacionamento. Tive pensamentos negativos direcionados ao namorado dela. Não andava a dormir praticamente nada e há coisas que não me lembro”, explicou.
“Não se lembra das coisas convenientemente”, disse-lhe a juíza. “Porque pesquisou sobre a faca que mais danos causasse?”, questionou-o ainda a magistrada. “Queria fazer-lhe mesmo muito mal ao namorado dela”, respondeu João Pedro.
“Tentou mostrar ser alguém incapaz de tanta barbaridade. Diz que o seu objetivo era fazer mal ao noivo da Daniela. Mas o que quis sempre foi a Daniela, tal como 15 anos antes foi a Carla [ex-namorada que assassinou em Castelo Branco em 2009 com 16 facadas]. Atropela a Daniela pelas costas e, para não ter dúvidas que estava morta, insiste.
Procuradora pede 25 anos de cadeia
"Motivo torpe, prazer de matar. Já matou uma vez. Agiu pela satisfação de “não é minha não é de mais ninguém”. Utilizou o carro como arma. Não conseguiu a faca, utiliza o carro. A vítima nem gritou. Ficou logo sem vida. E depois recuou e voltou a avançar… e repetiu tudo. Até esmagou a cabeça da Daniela para que não houvesse vida. Não queria que ela sobrevivesse. Em 20 anos de magistratura estes são os factos mais chocantes com os quais trabalhei. Atenta a factualidade, este arguido tem de ser condenado a 25 anos de cadeia e, se algum dia sair em liberdade, após cumprir a pena total, há um risco de voltar a cometer um ato bárbaro. E o povo diz que não há duas sem três. Espero que o povo não tenha razão desta vez. Só assim será feita a justiça pela Daniela Padrino”, referiu o procurador do Ministério Público nas alegações finais.
O arguido, de 43 anos, responde por homicídio qualificado e condução perigosa.
João Pedro Oliveira estava em liberdade condicional quando cometeu o crime. Antes tinha passado mais de 11 anos preso por matar uma outra ex-namorada à facada, em Castelo Branco, durante o ano 2009.
O arguido, que está em prisão preventiva, esperou que a vítima, Daniela Padrino, de 37 anos, saísse do trabalho e atropelou-a. Com o carro passou-lhe por cima sete vezes, sempre em movimentos para a frente para trás. Atingiu-a sobretudo na zona da cabeça. João Pedro Oliveira não se conformava com o final da relação que durou cerca de quatro meses. Terá ficado furioso ao saber que ela tinha uma nova relação e estava de casamento marcado.
No início do julgamento João Pedro diz que se recorda de dirigir o carro em direção à ex mas que depois “teve uma banca”.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.