Joaquim e Maria Alzira, de 90 e 91 anos, não queriam deixar a habitação na pequena aldeia do concelho de Mação.
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Joaquim e Maria Alzira tentaram tudo para não deixar a sua casa. Ele com 90 anos, ela com 91, tinham esta segunda-feira espalhado mangueiras à volta, preparado o tanque, olhavam à janela à espera do aproximar do fogo, que chegou em minutos. Minutos. Às 17h00 parecia longe, num instante estava a menos de um quilómetro.
Em Casalinho, Mação, viveram-se momentos de terror. "Ajudem-me a salvar a minha casa", pediu-nos o idoso, quando os jornalistas do CM eram os únicos forasteiros que ali estavam.
Documentos
2019-07-23_01_23_32 MapaFogos_22Julho.pdfO fogo traiu-os, mas os bombeiros chegaram depressa. Várias corporações de Aveiro, acompanhadas pela GNR, cercaram a casa. António Joaquim não queria sair, a mulher recusava-se mesmo. A GNR teve de ligar à filha a pedir-lhe para convencer os pais. Não fazia sentido que fossem eles a proteger a casa. Não tinham sequer mobilidade para travar o fogo.
"Estejam descansados. Nós ficamos aqui e protegemos a habitação", garantiu-lhes o coronel Paulo Silvério, comandante distrital da GNR de Santarém, e todos cumpriram a promessa. Bombeiros de Espinho, S. João da Madeira e da Murtosa mantiveram-se na localidade. Havia apenas três casas habitadas, os moradores já tinham saído, mas era preciso protegê-las. "Moro aqui há 90 anos", dizia-nos António Joaquim, que recordava um incêndio há mais de 20 anos. "Nem imagino voltar a viver isto de novo. Ver tudo destruído. Ficar sem nada".
Ao lado, Maria do Rosário, mais de 80 anos, não aceitou sair. Estava com os filhos, que tinham já protegido a casa, limpado os terrenos. "Não saí porque estava com eles. Mas foi outra vez o medo. Lembrei-me de quando há 20 anos perdi tudo", disse. O vento, à noite, deu tréguas. Mas nada é garantido, como nos dizia uma jovem em Cardigos, onde a praia fluvial foi destruída. "A noite anterior foi um horror. Depois parecia que estava tudo controlado, mas, esta tarde, tudo se complicou". Mais de mil operacionais continuavam no terreno a evitar reacendimentos.
39 feridos, 16 deles levados ao hospital
Reacendimentos criaram "problemas"
Chamas ameaçam aldeias
Várias aldeias foram ameaçadas pelas chamas, que chegaram a consumir colmeias e tratores agrícolas dispersos pelas serras da região. Para o local foram mobilizados mais de 220 operacionais, apoiados por quatro meios aéreos. No entanto, o vento forte e inconstante dificultou o combate às chamas. Este foi o maior incêndio no distrito de Viseu durante os últimos dias e, ao final da noite desta segunda-feira, continuava a não dar tréguas aos bombeiros.
Ainda no distrito de Viseu, um outro fogo florestal eclodiu segunda-feira à tarde, às 17h26, no concelho de Penalva do Castelo, junto às aldeias de Antas e Miuzela. Este incêndio chegou a mobilizar 161 operacionais e um meio aéreo e os responsáveis acreditavam que seria dominado durante a noite, com a ajuda da temperatura mais baixa.
"Perdemos o pouco que temos"
Em 2003, ardeu tudo em volta da aldeia. De lá para cá, assistiu à reflorestação de todo o manto verde que ardeu. "Agora é mais eucaliptos, foram para o lugar dos pinheiros, e ainda ardem mais depressa", destaca.
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