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AMIANTO PREOCUPA

Os pais estão preocupados com as consequências nefastas para a saúde da utilização de amianto nas construções escolares, nomeadamente em termos de riscos cancerígenos para alunos, professores e funcionários. A Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap) vai mesmo colocar esta semana o problema ao secretário de Estado da Administração Educativa, de forma a que este material, tido como perigoso, seja erradicado das escolas.

15 de março de 2004 às 00:00

De acordo com o presidente da Confap, Albino Almeida, “queremos mais informação do Ministério da Educação sobre esta questão, bem como saber quais as medidas que vão ser tomadas”. Este responsável frisa que os pais “estão preocupados”, mas recusa “qualquer tipo de alarmismo”.

Albino Almeida salienta que a questão do amianto foi colocada há já alguns anos, tendo na altura sido pedido ao Governo que fosse feito um levantamento das escolas em que existia tal material. A Confap quer agora saber os resultados desse levantamento e o que foi já feito para resolver o problema.

O referido dirigente associativo refere, no entanto, o facto do nosso país “ter um cultura de segurança muito insuficiente a vários níveis”, defendendo que essa é uma questão de fundo que importa ultrapassar, em particular quando estão em causa possíveis riscos para a saúde.

Uma das escolas em que a questão se coloca é a Júlio Dantas, em Lagos, onde existe um corredor entre dois pavilhões coberto por telhas com este tipo de material e também pilares, embora estes estejam pintados. Já houve mesmo quem aventasse a hipótese da morte de uma funcionária há alguns anos, do aparecimento de leucemia num aluno e de existirem actualmente três professores com cancro estarem ligados ao amianto.

Para o presidente da Associação de Pais, José Reis, a situação é motivo de “preocupação, mas não de alarmismo”, até porque “em termos científicos não podemos concluir que os casos de cancro resultem do amianto”. Seja como for, a Associação irá “analisar a questão”

Entretanto, o presidente do Conselho Executivo, Florivaldo Abundâncio, considera “inadmissível” que se faça uma ligação da existência de algumas telhas com amianto com o surgimento de casos de cancro, adiantando que provavelmente a taxa de incidência da doença nesta escola será idêntica ao resto do País. Este responsável salienta que existirão riscos quando o material está a deteriorar-se, mas na referida escola tem havido preocupação na substituição da telhas velhas por novas, as quais terão “menos amianto ou mesmo nenhum”.

SUBSTÂNCIA NOCIVA PARA A SAÚDE

A perigosidade do amianto para a saúde reside na inalação das suas fibras. Apesar de todas elas poderem causar fibrose pulmonar, cancro do pulmão e mesotelioma – tumor maligno que se localiza ao nível da pleura, do peritoneu e pericárdio – nem todas as fibras de amianto têm o mesmo grau de perigosidade. Assim, o risco de aparecimento de doença depende do tipo de fibra, das respectivas dimensões, da concentração e do tempo de exposição, informa a Associação das Indústrias de Produtos de Amianto.

A presença de amianto num edifício não constitui, por si só, um risco para a saúde. O perigo está associado à danificação de materiais que o contêm, pelo potencial de libertação de fibras, inalação e alojamento nos pulmões das mesmas. Segundo a Agência para a Protecção Ambiental dos Estados Unidos, se o material estiver em boas condições, o melhor é mantê-lo, evitando tocar-lhe. Mas se estiver a desagregar-se, com libertação de fibras, os riscos para a saúde são maiores. Caso a danificação seja ligeira, aconselha-se a limitação do acesso à área, evitando a manipulação e o aumento da danificação.

O QUE É E PARA QUE SERVE

VARIEDADES

O amianto é uma designação genérica dada a várias rochas fibrosas predominantemente constituídas por silicatos. O amianto surge em muitas variedades. A principal é o crisótilo, de cor branca, que constitui 95 por cento de todos os amiantos usados na indústria.

PROIBIDO

Uma directiva da Comissão Europeia (Directiva 1999/77/CE de 26 de Julho de 1999) prevê a proibição do crisótilo, a última variedade de amianto que ainda é autorizada em Portugal, a partir de 1 de Janeiro de 2005, constituindo uma viragem no sentido dos interesses da saúde pública.

UTILIZAÇÕES

O amianto é utilizado, nomeadamente, no fibrocimento, seja em chapa ondulada para cobertura, chapa lisa, tubos para água sob pressão, esgotos e outros fins. Como foi usado, durante anos, em grande escala, calcula-se que existam mais de 3000 produtos que contêm amianto.

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