João Martins foi condenado a 17 anos pelo homicídio de Alcindo e integrava grupo que atacou elenco d' 'A Barraca'.
Assassinos de Alcindo Monteiro estavam no grupo que agrediu ator Adérito Lopes
Dois dos principais envolvidos no assassinato do luso-caboverdiano Alcindo Monteiro – espancado fatalmente, na Rua Garret, em Lisboa, no dia 10 de junho de 1995 –, integrava o grupo de extrema-direita que, na passada terça-feira, foi responsável pelas violentas agressões ao ator Adérito Lopes, frente ao teatro 'A Barraca', na zona de Santos.
João Martins, hoje com 50 anos, foi um dos 10 condenados por ter participado ativamente nas agressões que resultaram na morte de Alcindo Monteiro. O acórdão do Supremo Tribunal de Justiça chegou mesmo a descrever, em pormenor, as suas ações contra várias pessoas negras naquela noite. Alcindo foi apenas uma das diversas vítimas: “Com a vítima prostrada no solo em decúbito ventral, inanimada, o arguido João Martins colocou um pé sobre a cabeça da vítima, levantando os braços em atitude de triunfo”, lê-se no acórdão. O ‘skinhead’ seria condenado a 17 anos e seis meses por este crime; ficou apenas nove anos e quatro meses atrás das grades.
Também Nuno Themudo (condenado a 18 anos pelo homicídio do luso-caboverdiano), embora não surja nas imagens, é, segundo confirmaram fontes policias à revista ‘Sábado’, colocado no mesmo local.
Nas últimas duas décadas, João Martins manteve-se na 'sombra', mas sempre muito ativo.
Chegou a ser apontado pela Polícia Judiciária, PSP e Serviço de Informações de Segurança como “o novo líder em ascensão” do movimento nacionalista português; descrito, pelas autoridades, como um homem “discreto, paciente, metódico, estudioso, licenciado [em História], com o dom da palavra”, segundo artigo publicado, em 2019, no Diário de Notícias.
Com família constituída, João Martins é visto como um “intelectual” da extrema-direita nacional, tendo sido o responsável pela tradução da ‘bílbia’ dos identitários, a obra ‘Geração Identitária’, do austríaco Markus Willinger, descrita pelo próprio autor como “uma declaração de guerra” à “imigração em massa” na Europa.
A residir no município de Sintra, João Martins permaneceu afastado das ruas: é empresário (proprietário de uma loja de tatuagens e piercings no Cacém e de uma marca de roupa nacionalista) e ainda colunista regular no jornal ‘O Diabo’; chegou mesmo a publicar um polémico artigo de opinião anti-imigração no ‘Observador’, provocando protestos de movimentos antifascistas e antirracistas. O artigo seria rapidamente tirado do ar. Em 2024, surgiu nas listas do Ergue-te às eleições legislativas, naquela que tinha sido a sua última aparição pública.
Na data em que se assinalavam 30 anos do homicídio de Alcindo Monteiro, João Martins participou no encontro nacionalista que integrava outros militantes da extrema-direita portuguesa (alguns ligados ao internacional 'Blood & Honour'). O CM sabe que o grupo reuniu-se, na manhã de terça-feira, em Belém, numa homenagem aos antigos militares portugueses; seguiu-se um almoço nacionalista. Como na noite do dia 10 de junho de 1995, o encontro terminou com manifestações de ódio político e violentas agressões.
O ator Adérito Lopes teve, desta vez, mais sorte do que Alcindo.
Adérito Lopes levou "vários pontos"
Adérito Lopes terá sido golpeado com uma soqueira no rosto, o que lhe provocou lesões num olho e um corte profundo no rosto. O ator terá levado “vários pontos”, mas já recebeu alta hospitalar, estando a recuperar em casa. O incidente, que provocou diversas reações políticas de repúdio ao longo das últimas horas, levou ao cancelamento daderradeira sessão da peça de teatro ‘Amor é um fogo que arde sem se ver’, em exibição n’ ‘A Barraca’. O autor das agressões, um dos elementos do grupo de extrema-direita, já foi detido pela PSP.
João Martins nega 'culpas'
Apesar das imagens que o colocam no local, João Martins alega que é “falso” ter feito parte do grupo que agrediu o ator. Num email enviado ao CM, diz que as notícias sobre si fazem parte de uma tentativa de “linchamento público”.
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