Defesa de polícia acusa mulher de se aproveitar do mediatismo do caso para receber indemnização de 200 mil euros.
Novo vídeo mostra detenção de Cláudia Simões
A defesa do agente da PSP acusado de agredir Cláudia Simões numa paragem de autocarro na Amadora alegou que a mulher mentiu e que se está a aproveitar do protagonismo alcançado com a situação para receber uma indemnização cível de 200 mil euros. A cozinheira chegou a tirar a peruca para mostrar que não recuperou na totalidade dos ferimentos.
Enquanto os advogados de Cláudia Simões sustentam que houve uso de força excessiva e abuso de poder, os do agente Carlos Canha asseguram que a situação foi exagerada pela mulher para obter um benefício.
Na segunda parte das alegações finais, esta quarta-feira no Tribunal de Sintra, os advogados de Carlos Canha fizeram críticas severas tanto à defesa de Cláudia Simões, como a todos os ativistas, políticos e associações que já se pronunciaram sobre o caso. Descrevem como "ridículo" justificar que o polícia tenha atuado com motivações racistas. Garantem que o PSP agiu no cumprimento do dever e que a detenção só foi atribulada devido ao comportamento pouco colaborante da mulher.
O caso remonta a 19 de janeiro de 2020, quando Cláudia Simões entrou com a filha, à data com oito anos, num autocarro da Vimeca. A menina esqueceu-se do passe e, por isso, a mãe foi alertada pelo motorista de que deveria pagar o bilhete ou abandonar o autocarro. Segundo o depoimento do condutor, Cláudia Simões disse: "Este motorista tem de levar uma surra".
Este terá sido o comentário que despoletou a altercação. Por se sentir ameaçado, o motorista parou o autocarro e pediu auxílio à PSP, que na altura passava junto a uma paragem, para identificar Cláudia. Face à recusa da mulher em lhe mostrar a identificação, o agente Carlos Canha tentou detê-la e algemá-la, enfrentando a resistência e a postura pouco colaborante da mulher.
O caso ganhou destaque mediático depois de vídeos da detenção de Cláudia Simões terem sido divulgados nas redes sociais. Nas imagens é possível ver a mulher no chão a ser imobilizada pelo agente. É possível também ouvir o agente da PSP dizer "Levas um balázio", mas segundo o próprio esta mensagem não era dirigida a Cláudia e sim a um transeunte que estava a questionar o comportamento dele. Várias personalidades que se assumem antirracistas revoltaram-se com o sucedido.
Outros dois agentes, João Gouveia e Fernando Rodrigues, também arguidos no processo, enfrentam acusações de abuso de poder. Foram estes os polícias que ajudaram Carlos Canha a transportar Cláudia Simões para a esquadra após a detenção.
Cláudia Simões e Carlos Canha são simultaneamente vítimas e arguidos no processo. O agente da PSP é acusado de três crimes de ofensa à integridade física qualificada, três de sequestro agravado, um de abuso de poder e outro de injúria agravada contra Cláudia Simões. A mulher é acusada de ofensa à integridade física qualificada por ter mordido a mão do polícia durante a detenção.
Durante a sessão desta quarta-feira, os advogados do agente Canha apontaram para supostas inconsistências apresentadas por Cláudia Simões nas sessões do julgamento, bem como nas versões apresentadas pelos seus familiares. Segundo a defesa, as próprias imagens do momento da detenção provam as incoerências.
A defesa de Cláudia Simões encarou com perplexidade as alegações dos advogados dos agentes da PSP, considerando que estes deturparam os factos e que ignoraram as provas apresentadas. A advogada chegou ainda a questionar a conduta da defesa dos agentes da PSP após esta ter deixado críticas à comunicação social, a antropólogos e a políticos que deixaram um posicionamento sobre o assunto.
O Ministério Público considerou que a arguida exagerou na forma como descreveu os acontecimentos em tribunal. "Se não lhe tivesse mordido a mão morria", disse Cláudia.
O advogado de Canha colocou a hipótese de Cláudia Simões ter autoinfligido ferimentos para prejudicar o agente da autoridade. "O objetivo são os 200 mil euros", disse, sustentando que quem apoiou a sua defesa lhe fez criar "expectativas desmesuradas" sobre o benefício que iria obter com o processo.
Quando tomou a palavra, Cláudia fez questão de tirar a peruca que trazia para mostrar uma zona do couro cabeludo. "Já passaram quatro anos e este cabelo não cresce. Eu sonhei que fui agredida? Que me puxaram o cabelo? Eu fui agredida e custa-me sempre vir até aqui", confessou.
A Leitura da sentença ficou marcada para 1 de julho.
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