Advogado do agressor diz que os menores podiam ter dito ‘não’.
Os menores é que tiveram culpa. Não reagiram, nunca se opuseram. Aceitaram os abusos para se redimirem dos seus próprios pecados. Não amaram suficientemente o agressor – pai e avô das vítimas, residentes em Valongo.
A explicação, dada pelo predador sexual no Tribunal de S. João Novo, no Porto, foi desvalorizada. E o homem, contabilista, com 70 anos, foi condenado a nove anos de cadeia. Foi julgado por abusos a apenas quatro vítimas – os restantes casos já tinham prescrito.
A história do neto, vítima de abusos aos 14 anos, foi a mais impressionante. De rapaz alegre, bom aluno e desportista, transformou-se em poucos meses num adolescente problemático, agressivo e desinteressado. Isolou-se, faltou à escola, desceu as notas. Insultou a mãe e tentou agredir colegas sem razão aparente.
O seu comportamento levantou suspeitas e, interrogado pela mãe, o menor contou o que o atormentava. Há meses que era obrigado a fazer sexo com o avô. Ameaçava que o matava, que se matava, que o envergonhava perante a família.
A mãe soube logo que tinha de denunciar o seu próprio pai. Também ela, quando era adolescente, tinha sido violada. Calara os abusos, deixara que o terror se perpetuasse.
Ontem, o homem foi condenado por abusar dos quatro menores. A neta tinha quatro anos; o filho e o neto 14; a amiga da neta seis anos.
A defesa, que diz que "os menores podiam dizer não", vai recorrer. O homem já estava em prisão preventiva.
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