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Artigo exclusivo

Milhões de euros doados a bebé Matilde sob investigação

Pais da bebé receberam 2,5 milhões de euros em donativos para remédio que foi pago pelo Estado. Não revelam saldo atual da conta.

30 de julho de 2020 às 01:30

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Bebé Matilde com a mãe
Bebé Matilde com a mãe Direitos Reservados
Pais da bebé Matilde
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Mais de um ano depois de terem recebido mais de 2,5 milhões de euros em donativos, os pais de Matilde continuam sem revelar, por exemplo, o saldo atual da conta ou detalhes das ajudas a outras crianças. “Este é um processo transparente”, defende o casal. “Esse valor pertence à Matilde. Será usado para todos os tratamentos, terapias e equipamentos que a Matilde necessite”, continuam.

Garantem já ter ajudado 55 crianças. Há, no entanto, quem já tenha pedido o reembolso do donativo que fez, por considerar que o propósito inicial da campanha se alterou. “Pedi a devolução e apresentei o comprovativo. Nunca me responderam. Desejo o melhor à pequenita mas tenho esse direito”, diz ao CM uma doadora. Questionado pelo CM, o casal é categórico: “Parte da devolução dos donativos é um não tema.”

"A nossa filha tem evoluído bem"

“A nossa filha está bem e tem evoluído muito bem, é um dia de cada vez”, começam por referir ao CM os pais da bebé Matilde. Questionados sobre a forma como estão a administrar o dinheiro e o processo de seleção das crianças a quem pagam tratamentos ou equipamentos, Carla e Miguel explicam que “as ajudas são feitas mediante as necessidades das crianças e as transferências são sempre feitas diretamente para as clínicas, empresas e hospitais”.

Sobre o saldo atual da conta que está em nome da filha, o casal nada quis esclarecer. Os pais de Matilde explicam ainda por que razão não optaram por entregar a totalidade ou parte dos donativos a uma associação de solidariedade. “Nós, pais, sabemos melhor que ninguém quais as reais necessidades da nossa filha e jamais iríamos colocar a vida e o futuro da nossa filha na mão de terceiros”, rematam.

Não compete ao MAI fiscalizar

Carla e Miguel defendem que o processo continua a ser acompanhado pelo Ministério da Administração Interna (MAI), mas, ao CM, a tutela explica que, de acordo com a lei, o banco “não tem obrigação de notificar a Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI) das transferências que são efetuadas, uma vez que a iniciativa autorizada já terminou e, em termos processuais - com a prestação de contas e a publicitação do valor angariado - o processo encontra-se terminado para a SGMAI”. E mais: “A fiscalização relativamente à aplicação do valor angariado não é da competência da SGMAI.”

Conta bancária bloqueada a crédito

O número da conta bancária para fazer o donativo já está bloqueada, confirmou o CM junto da CGD. O número ainda aparece na página de Facebook.

PGR não diz se já há arguidos no caso

A Procuradoria-Geral da República não esclarece se há arguidos no processo. Por saber estão também os crimes que eventualmente estão em investigação.

Quem ajudou pode pedir devolução

“O casal devia ter devolvido os donativos ou entregá-los a uma associação. Quem ajudou tem o direito de pedir o reembolso”, diz ao CM um jurista.

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