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Fátima está a melhorar e já mamou pelo biberão

A bebé de Viseu violada pelo pai registou “ligeiras melhoras” e “já mamou pelo biberão”, informou o Hospital Pediátrico de Coimbra (HPC), que ontem emitiu um boletim clínico sobre o estado da menina.

17 de dezembro de 2005 às 00:00

Fátima Letícia “está mais desperta, mais reactiva e menos queixosa à manipulação”, adiantou a pediatra Jeni Canha.

Apesar das ligeiras melhoras, a menina, de mês e meio de idade, que sofreu maus tratos continuados desde o nascimento por parte dos pais, continuava ontem em coma. Uma médica contactada pelo Correio da Manhã explica que há diferentes estados comatosos e que é possível que a bebé, em coma, tenha movimentos de sucção e reaja a estímulos e mame pelo biberão.

Internada em Coimbra há uma semana, Fátima Letícia “não repetiu convulsões”, refere o boletim clínico divulgado ontem à tarde. No entanto, apesar da evolução positiva, a situação é grave e o prognóstico médico mantém-se reservado “do ponto de vista neurológico e da visão”.

Fátima Letícia deu entrada nos cuidados intensivos do HPC em 9 de Dezembro. Passou entretanto para o serviço de medicina. Não está afastada a possibilidade de ficar cega de um olho. Os maus tratos e abusos sexuais infligidos, que levaram à prisão preventiva dos pais, causaram-lhe fractura craniana, lesões no ânus e noutras partes do corpo, hemorragias intracranianas e derrame de sangue numa retina.

Na opinião do psicólogo clínico Luís Villas-Boas, cuja longa carreira tem sido dedicada ao trabalho com crianças maltratadas, “as sequelas psicológicas são imponderáveis” neste momento. No entanto, o especialista considera que Fátima Letícia, por ser tão nova, “não vai ter memória” do sofrimento a que foi sujeita pelos pais.

“Aos 50 dias de vida não há memória de nada”, diz Luís Villas-Boas. Acrescenta que o perfil psicológico futuro de Fátima Letícia está totalmente condicionado pela evolução da sua condição clínica actual.

As circunstâncias em que a bebé foi acompanhada pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens e pelo Hospital de Viseu, desde o nascimento até à passada sexta-feira, vão ser investigadas em dois inquéritos pela Inspecção-Geral de Saúde e pelos Ministérios da Justiça e do Trabalho e da Solidariedade Social. O Governo quer saber se houve insuficiências.

ACUSADOS DE HOMÍCIDIO

Paulo Pereira, de 26 anos, e Aurora Pinto, de 48, respectivamente pai e avó de Vanessa, a menina de cinco anos cujo corpo foi encontrado nas águas do Douro, em 3 de Maio deste ano, foram acusados de homicídio qualificado pelo Ministério Público, que diz ter havido intenção de matar. Esta decisão do Ministério Público contraria a tese da juíza Amália Morgado, do Tribunal de Instrução Criminal do Porto, ao defender que a morte da criança resultou de ofensas corporais qualificadas. No relatório PJ do Porto ficou provado que a avó e o pai da menina mergulharam-na numa banheira de água a ferver – por Vanessa ter dito que gostava muito da madrinha. Vanessa não resistiu às queimaduras e morreu, cinco dias depois, vítima de asfixia. O Ministério Público classifica de perversa a atitude da avó e do pai por tentarem ocultar o corpo, levando-o para Gaia, onde o lançaram ao rio, e por procurarem dissimular o crime, garantindo às autoridades que a menina tinha desaparecido na feira de Aldoar.

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