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Fogos são "ataque" a Vila Real. Autarca desabafa em domingo de pânico

Chamas rodearam a capela de Nossa Senhora de la Salette, na serra do Alvão. Presidente da Câmara apela a punição dos que estão “a colocar em causa aquilo que é a nossa casa comum”.

04 de agosto de 2025 às 01:30

As chamas que este domingo cercaram a capela de Nossa Senhora de la Salette, em Vila Cova, na serra do Alvão, num verdadeiro anel de fogo, foram o espelho de um dia de terror em Vila Real. Moradores assistiram com apreensão ao trabalho dos bombeiros e defenderam o espaço religioso. Isto num domingo em que o País ficou sem mais um avião pesado de combate a fogos: um Canadair avariou ao proceder à carga de água no rio Douro. Foi o segundo Canadair a ficar inoperacional numa semana e Portugal só tem agora um - que já é o de reserva do contrato - e mesmo assim ao final da tarde deste domingo ainda não tinha solicitado apoio ao Mecanismo Europeu de Proteção Civil.

Vila Cova, que se deveria estar a preparar para as festas - no final da semana seria a procissão - rezou para salvar pessoas e bens. “As festas iniciam-se na sexta-feira com a procissão das velas e este ano não sei se vai ser possível”, descreveu um morador da aldeia que sofreu prejuízos com o fogo se propagou a vários pontos da localidade. “Perdi castanheiros e mais de 150 colmeias. São muitos os prejuízos mas não há nada a fazer”, acrescentou.

O presidente da Câmara de Vila Real, Alexandre Favaios, disse que os três fogos do fim de semana no concelho são “um ataque ao território”, apontando para “danos incalculáveis”. “Aquilo que pedimos é que as autoridades, naturalmente, continuem a fazer o seu trabalho para punir aqueles que, de alguma maneira, estão a colocar em causa aquilo que é a nossa casa comum”, afirmou o autarca.

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"É um ataque ao nosso território": Presidente da Câmara revela que incêndio de Vila Real alastrou-se para Mondim de Basto

VÍDEO: CMTV

Sabrosa

"Quis proteger os meus velhinhos, peguei na mangueira e reguei"

As chamas que deflagraram em Andrães, Vila Real rapidamente se propagaram ao concelho vizinho de Sabrosa. Aqui, as povoações de Feitais e Garganta viram o fogo perto. “naquela casa isolada”, indica uma moradora de Feitais, “estão dois idosos que não querem sair dali e estamos muito preocupados, porque à volta a vegetação é alta”, explica. Este casal acabou por sair de casa apoiado pelos serviços sociais e levado para o Pavilhão multiusos de Sabrosa, para onde também foram retirados cerca de 10 idosos do Lar Miguel Torga em São Martinho de Anta.

As chamas aproximaram-se do lar. “Não chegaram aqui, mas eu quis proteger os meus velhinhos e pequei na mangueira e comecei a regar os estores”. O lar foi evacuado e sete utentes transportados para uma unidade de Cuidados Continuados. “Quando me avisaram vim buscar a minha mãe que está numa cadeira de rodas. Moro a cerca de 200 metros, mas até aqui chegar foi muita ansiedade. Só fiquei tranquilizado quando vi a minha mãe bem de saúde e os outros utentes também a salvo”, contou o filho de uma utente.

Vila Cova

"Vimos as chamas a aproximar-se da aldeia e começaram a intensificar-se. A população foi retirada e as pessoas idosas e doentes ficaram junto à igreja paroquial. Agora o fogo está à volta de toda a aldeia. Está muito calor e claramente os meios são insuficientes. Precisávamos de bombeiros e não há, são populares que estão a usar a cisterna para proteger as casas", moradora de Vila Cova, aldeia que ficou cercada pelas chamas. 

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