page view

Godinho à espera da condenação

Sucateiro voltou para ouvir sentença, entretanto adiada.

27 de fevereiro de 2016 às 09:40

De semblante carregado, Manuel Godinho entrou e saiu em silêncio do Tribunal de Aveiro. Regressado de Rubiataba, no Brasil, onde parece estar a refazer a vida, o sucateiro de Ovar mostrou-se resignado perante a mais que provável condenação. E nada disse quando o seu advogado, Artur Marques, afirmou que a audiência de ontem se tratava "da crónica de uma morte anunciada". Foram alterados alguns dos factos descritos na acusação, para "encaixarem na teoria do Ministério Público", afirmou. Artur Marques ainda disse na sala de audiências que as mudanças eram ilegais, mas a juíza marcou a sentença para o dia 10 de março.

"São cada vez mais frequentes estas situações. Correções da acusação, alterações à medida das teorias da acusação", lamentou o advogado, que antes mesmo da decisão ser conhecida já anunciou que vai recorrer.

Está em causa um suborno de 2500 euros, num processo que nasceu do caso Face Oculta. Manuel Godinho e Maribel Rodrigues, sua ex-secretária, são acusados de terem pago a um fiscal do ambiente para que aquele fechasse os olhos a uma ação de extração ilegal de areias. Todos negam as acusações e, num primeiro momento, fizeram valer as suas teses. Foram absolvidos pela primeira instância, mas o julgamento foi depois repetido por decisão da Relação do Porto. Nas alegações, em janeiro, o Ministério Público pediu a condenação de Manuel Godinho.

Sobre a possibilidade de poder vir a pedir a nacionalidade brasileira, para evitar o cumprimento das penas, Manuel Godinho manteve-se desta vez em silêncio. Foi o advogado que saiu em sua defesa. "Nunca fugiu. Informou sempre o tribunal quando saiu do País, o que nem todos os arguidos fazem", lembrou Artur Marques, dizendo depois desconhecer qualquer intenção de Manuel Godinho de requerer a nacionalidade brasileira.

A verdade é que caso se confirme a condenação, Manuel Godinho corre cada vez mais riscos de ser preso ainda antes do verão. No final do ano passado já tinha sido condenado numa pena efetiva de dois anos de cadeia. Recorreu já para a Relação, mas estes dois casos não têm recurso para qualquer outra instância.

Situação diferente é a pena de 17 anos e meio de cadeia. Aí, Manuel Godinho pode ainda recorrer para o Supremo Tribunal de Justiça e para o Constitucional. Por ser de grande dimensão e com muitos arguidos, o processo pode demorar vários anos a transitar.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8