Amarrou os pulsos e tornozelos do idoso, com cordas, arames e sacos de plástico.
O julgamento de um homem acusado de homicídio qualificado de um vizinho, em 2020, no concelho de Alcobaça, vai começar em outubro no Tribunal Judicial de Leiria. No despacho de acusação, consultado esta terça-feira pela agência Lusa, lê-se que o arguido, de 59 anos e detido preventivamente, conhecia a vítima, de 75 anos, e sabia que era pessoa idosa, frágil e que vivia sozinha, em Maiorga.
Em 23 de novembro de 2020, o suspeito, que tinha "calçado luvas" para não deixar vestígios, deslocou-se a casa do idoso, onde aguardou que este chegasse. Depois, junto a um anexo do quintal, o arguido, "sem qualquer motivo", desferiu diversas pancadas à vítima, com objeto não apurado, mas de "natureza corto-contundente", atingindo-a em várias partes do corpo. Ainda segundo o despacho final do Ministério Público (MP), o arguido também amarrou os pulsos e tornozelos do idoso, com "cordas/cordéis, arames e sacos de plástico", e amordaçou-o com sacos de plástico envoltos em fita isoladora, o que o impediu de respirar.
Segundo o MP, a vítima foi de seguida deslocada até ao logradouro da casa, onde o arguido "lhe desferiu mais pancadas". O detido deixou as luvas que usou junto do anexo, ocultou a carteira da vítima dentro de um balde com líquido leitoso, escondendo também o rolo da fita isoladora noutro balde. O arguido abandonou o local, deixando o idoso amarrado e amordaçado, "em sofrimento e agonia", adiantou o MP. Em resultado das pancadas, e do facto de ter sido amarrado e amordaçado, além da idade avançada e dos problemas de saúde, a vítima "não se conseguiu defender, nem pedir ajuda".
Para o MP, o arguido, que incorre numa pena de prisão entre os 12 e os 25 anos, revelou "desprezo e total desrespeito" pela vida do idoso, e foi movido "apenas pela satisfação de lhe causar enorme dor e sofrimento, e de o privar da vida". Em fevereiro, a Polícia Judiciária (PJ), através do Departamento de Investigação Criminal de Leiria, anunciou a detenção, na zona de Lisboa, do suspeito do homicídio cometido com "violência extrema e tortura".
Segundo um comunicado da PJ, na origem do crime "terá estado o facto de o suspeito saber que o idoso guardava todo o seu dinheiro em casa". Em comunicado, a PJ explicou na ocasião que, após o homicídio, "iniciou, de imediato, diligências de investigação, que se mantiveram persistentemente durante quatro anos" e que permitiram "a recolha de um relevante acervo de prova", nomeadamente vestígios "suscetíveis de tratamento e análise científica, bem como a identificação do autor, vizinho da vítima". "A identificação do agressor foi possível em resultado da tecnicidade que pautou a realização dos exames no local e das perícias efetuadas pelo Laboratório de Polícia Científica da PJ".
A PJ indicou que existiu "uma coincidência a nível internacional" no âmbito do Tratado Prüm, com a colaboração do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses e das autoridades francesas, ao abrigo da cooperação internacional. "O suspeito era já procurado pelas autoridades de França pela prática de um crime de roubo agravado, ocorrido em 2016", referiu a PJ, acrescentando ter sido proposta ao Ministério Público de Leiria a emissão de um mandado de detenção fora de flagrante delito, que foi cumprido na zona de Lisboa, para onde o suspeito foi residir após o homicídio. O julgamento, por um tribunal coletivo, está previsto iniciar em 16 de outubro.
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