"Justiça para Odair Moniz", lê-se numa faixa presa junto à associação de moradores.
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Mais de uma centena de pessoas juntaram-se, esta segunda-feira, numa vigília no Bairro do Zambujal, na Amadora, em homenagem ao homem baleado por um agente da PSP, na madrugada de 21 deste mês, no Bairro da Cova da Moura.
"Justiça para Odair Moniz", lê-se numa faixa presa junto à associação de moradores A Partilha, do Bairro do Zambujal.
Os moradores, pelas 20h30, tocaram uma música cabo-verdiana, entoaram palavras de ordem em crioulo e largaram balões brancos junto à casa de Odair Moniz.
"Hoje às 20h, sete dias após o seu assassinato pela polícia, Odair Moniz será homenageado no seu bairro do Zambujal. Este será mais um momento para exigir justiça e para afirmar que sem justiça e verdade os moradores dos bairros não terão paz", lê-se numa mensagem publicada nas redes sociais pela família do cidadão cabo-verdiano.
"Estamos juntos", gritou-se em coro, em crioulo, seguido várias vezes de "Justiça", a que depois juntaram "para Odair".
Pouco depois, os moradores, entre os quais muitas crianças, algumas de 't-shirt' branca com a cara do cidadão cabo-verdiano estampada, largaram os balões brancos que seguravam e foi-se ouvindo o barulho do seu rebentamento, que se misturou com o de pequenos petardos lançados aqui e ali, e insultos para a polícia e os 'media'.
Após mais algumas palavras dirigidas aos moradores, a vigília encerrou com mais uma música de Cabo Verde, tocada por alguns participantes, e uma mulher desabafava que agradecimento não era suficiente e que "justiça seja feita".
"Temos direito a uma habitação digna, a equipamentos, a uma rede de transporte, a tudo o que qualquer pessoa que trabalha tem direito", disse à Lusa Flávio Almada, do movimento Vida Justa, advogando que tem de se parar com essa ideia de que o que se faz para os bairros é "uma esmola, uma caridade".
"Não, nós trabalhamos, nós produzimos e temos direito a uma vida digna", acrescentou.
Para Nuno Ramos de Almeida, porta-voz do Vida Justa, salientou que as necessidades dos bairros "não passa apenas pelo policiamento", mas "faltam políticas" que promovam a reabilitação dos bairros e a criação de infraestruturas de apoio social para os moradores.
"Odair era verdadeiramente formidável e de uma grande humanidade", descreveu João Marques, 33 anos, morador no mesmo prédio do cidadão cabo-verdiano, que "ajudava as pessoas do bairro".
"Hoje às 20h, sete dias após o seu assassinato pela polícia, Odair Moniz será homenageado no seu bairro do Zambujal. Este será mais um momento para exigir justiça e para afirmar que sem justiça e verdade os moradores dos bairros não terão paz", anunciou numa mensagem publicada nas redes sociais a família do cidadão cabo-verdiano.
"Estaremos presentes para apoiar os entes queridos de Odair neste momento difícil. Estejam connosco também!", acrescentou-se na publicação, difundida pelo movimento Vida Justa.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no hospital.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Na semana que passou registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade.
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