Francisca Laranjo
JornalistaJosé Durão
JornalistaA menor, de 17 anos, que foi detida pela Polícia Judiciária (PJ) por ser suspeita de matar e enterrar a irmã Lara, de 19 anos, nas traseiras da habitação onde viviam, por causa de um telemóvel, em Peniche, esteve esta terça-feira no Tribunal de Leiria, para a primeira audiência de julgamento. A detida terá utilizado uma arma branca para desferir um "número de facadas" na irmã.
O crime terá ocorrido a 15 de agosto de 2023. A menor terá lavado o interior da casa para ocultar pistas e enterrado o corpo nas traseiras da residência "em terreno arenoso".
A menor esteve três dias com o corpo da irmã debaixo da cama até decidir enterrá-la.
A suspeita confessou o crime às autoridades e que levou os inspetores até ao local onde sepultou a irmã, "num sítio pouco profundo".
Menor confessa crime em tribunal e diz ter atingido irmã com 30 facadas
A menor, de 17 anos, confessou ao tribunal ter matado a irmã com 30 facadas. Deu-lhe o primeiro golpe na barriga e de seguida a irmã caiu.
Questionada pelo tribunal sobre a razão pela qual continou a golpear a irmã quando se apercebeu que a vítima não respirava, a menor disse que não queria acreditar que a tinha matado.
"A minha irmã foi buscar o pé-de-cabra ao quarto do meu pai, para me ameaçar, por causa de um telemóvel. Quando a vi, fui à cozinha buscar uma faca. Ela avançou, e eu também avancei. Não respirava quando caiu", recordou.
Depois de a ter esfaqueado, diz tê-la chamado mas que a mesma não respondia. "Pensei que estava a brincar".
"Escondi-a debaixo da cama durante três dias. De noite, levei-a para o quintal com um carrinho de mão", afirmou.
A detida usou as ferramentas do pai para cavar o buraco, lavou a faca do crime e arrumou-a em casa.
Agressora diz que a mãe só ia a casa de vez em quando
A menor não esconde a emoção em tribunal. Entre lágrimas no discurso, refere que a mãe só ia a casa de vez em quando.
Questionada sobre se pensou em falar com a mãe sobre o que fez à irmã, a detida disse inicialmente que não mas de seguida acabou por admitir ter pensado, só não sabia como dizer.
Menor termina depoimento muito emocionada
Pais de vítima e da agressora não querem falar em tribunal
Depois de a menor ter terminado o depoimento, vão ser ouvidas as testemunhas. A primeira é a mãe da vítima e da agressora, Maria Isabel.
Foi-lhe dito pelo tribunal que não era obrigada a prestar depoimento por ser mãe da arguida. Nesse sentido, a mulher disse não querer falar.
Jorge, pai das duas meninas, entrou na sala de audiência a chorar compulsivamente e recusou-se a falar.
Inspetor da PJ ouvido em tribunal
Um inspetor da Polícia Judiciária do Departamento de Leiria é ouvido na qualidade de testemunha. Conhece a arguida no exercício das suas funções e diz que "este processo teve duas fases. Primeiro o desaparecimento e depois homicídio. Após o aparecimento do corpo, deu-se a minha intervenção".
"Depois de encontrado o corpo, fizemos buscas à casa. Após a realização da autópsia, vimos a dimensão dos ferimentos e o objeto provável utilizado. Voltamos à casa para encontrarmos a arma do crime. No fundo, estávamos à procura de um objeto que se pudesse enquadrar nos elementos presentes"
Terminou a sessão
A sessão de julgamento no Tribunal de Leiria termina. A próxima audiência fica marcada para o dia 29 de outubro, às 09h30.
Tribunal reproduz gravação do primeiro interrogatório judicial da agressora
É ouvida em tribunal a gravação do primeiro interrogatório judicial da agressora. A menor mostra-se bastante emocionada ao ouvir-se.
"Ela [a irmã] dizia ao meu pai que eu não cumpria os castigos, que tinha más companhias e ele batia-me às vezes. Bateram-me uma vez à porta da escola. Nas férias também, só que em casa. Ele batia-me por causa dela".
"O telefone que eu usava, antes, era dela, então ela achava que fazia o que quisesse com ele".
"Mas nós não discutíamos só por causa disso. Ela pedia-me para eu entregar o telefone e eu dizia que não. O meu pai batia-me também por isso".
Na gravação, a menor afirma que o pai tem um problema com o álcool.
Ainda sobre o momento em que se deu o crime, a mesma afirma que pensou que se não fizesse nada, ia ser a própria que se ia magoar asério.
Menor disse no primeiro interrogatório que apenas 'espetou' a faca 3/4 vezes
A menor disse no primeiro interrogatório que apenas atingiu a irmã com três/quatro facadas. Hoje assumiu as 30.
"Fui buscar a faca para ver se a assustava. Ela ia agredir-me na cabeça e, por isso, espetei a faca".
"Chamei-a para ver se reagia. Ela não estava bem. Tive medo que o meu pai chegasse e fizesse alguma coisa. Escondi tudo. Escondi o corpo".
Na mesma gravação, é possível ouvir a menor dizer que queria contar ao pai o que fez quando "estivesse melhor".
"Mas ele bebia cada vez mais. Então não contei".
Advogado de Beatriz diz que "tudo falhou neste processo"
O advogado Ricardo Serrano Vieira, responsável pela defesa de Beatriz, considerou, esta terça-feira, que o testemunho da jovem que matou a irmã revela um ato de "descontrole".
À saída do tribunal, o advogado disse aos jornalistas que "tudo falhou neste processo", mas espera que o Estado "consiga garantir o que a jovem Beatriz não teve até aos 17 anos".
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