Tribunal promove acareação entre Carlos Silva, Orlando Figueira e Paulo Blanco no caso da Operação Fizz.
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As declarações do banqueiro angolano Carlos Silva no âmbito do julgamento da Operação Fizz, entraram em contradição com o que haviam dito os arguidos Orlando Figueira e Paulo Blanco sobre as relações e o contrato do ex-procurador com o banco Atlântico levaram o Tribunal a determinar uma acareação entre os três.
O tribunal decidiu que efetivamente o testemunho do banqueiro está em manifesta oposição com os arguidos.
No início da acareação, Orlando Figueira (OF) contou como conheceu Carlos Silva, num encontro que aconteceu em Luanda. "Estava no meu quarto no Hotel Trópico. Paulo Blanco foi chamar me e fomos tomar café. Carlos Silva sabe que é verdade.
Neste ponto, Carlos Silva (CS): "É mentira. É falso. Sem conhecer o curriculum não podia ser".
OF - Foi sozinho. vestia uma indumentária informal. Estivemos os quatro, com a mulher do Blanco. O que diz Carlos Silva é falso. O Carlos Silva começa a falar de Angola, da semana da legalidade, do processo BANIF...
OF - Carlos Silva conhecia as minhas conferências em Angola. Conhecia o meu curriculum. É ali que ele me faz o primeiro convite
CS - É absurdo contratar alguém porque li notícias sobre conferências em Angola.
OF - Eu não disse que foi de propósito para me convidar. Foi ter com o Blanco e depois faz o convite. Eu disse, quem sabe um dia quando me reformar
CS - Reitero o que disse, é mentira
OF -Este sujeito , este indivíduo, propôs-me no Ritz o lugar de diretor jurídico por 15 mil dólares líquidos.
OF - [sobre o que Carlos Silva terá combinado com o advogado Paulo Banco sobre o contrato] Tenho processos ainda em mão, mas o Carlos Silva diz que ficas encarregue de elaborar o esboço de contrato promessa.
OF - Em setembro, quando tratava das tornas do meu divórcio, precisava de um empréstimo e fomos ao banco privado [do Atlântico]. Estava o dr. Carlos Silva. Perguntou quanto precisava. Disse 130 mil. Ele disse logo que sim, Até porque a maior garantia é que eu ia trabalhar com ele
CS - [o banqueiro ri-se] É uma história. No banco ninguém pergunta 'quanto é que precisas?'.
OF - Quando eu me divorciei, em novembro, disse ao Blanco que podíamos avançar para o contrato. A minuta do contrato promessa não dizia que os impostos ficavam a cargo da entidade patronal. Pedi para alterar. E disse-lhe para lhe [a Carlos Silva] mandar um mail a alertar. Mas o dr. Carlos Silva mentiu com todos os dentes que tem ao dizer que não viu".
OF- Eu era um magistrado imaculado. Num organismo de elite. Não ia abandonar uma carreira sem nada. É brincar com a vida de uma pessoa... dizer que não recebeu os contratos.
OF - Aparece depois um contrato com a Finicapital que seria quem me ia contratar... e Carlos Silva diz que não conhece. Depois é alterado e aparece a Primgest. Para mim, o meu empregador era Carlos Silva, mas aceitei o contrato.
OF - Recebo a primeia tranche, 210 mil dólares. Foi o que exigi no Ritz, um ano adiantado. Passaram meses e ninguém fala comigo. Até que sou chamado para o BCP. Pensei que Carlos Silva tivesse falado com o banco para eu ir trabalhar para lá.
Orlando Figueira conta como o advogado Proença de Carvalho entrou no processo da sua contratação.
Orlando Figueira sublinhou que quando lhe propuseram o contrato final disseram que a condição era abrir uma conta em Andorra e foi o que fez, fragilizado. "Iglesias Soares, administrador do BCP, disse-me para eu ter calma. É quando me manda ir falar com o Proença de Carvalho", sublinhou.
Segundo Orlando Figueira, "o senhor é um mentiroso quando diz que o Proença não é o seu advogado", referindo que fez uma encomenda a um cidadão angolano, chamou a sua irmã ao Ibis e disse-lhe para ele empurrar para o morto, uma vez que os mortos não falam. "Abordaram a minha irmã e isto já foi no julgamento", explicou.
Carlos Silva está impassível, não responde. CS reitera o que já disse. OF diz que ninguém acredita que o escritório de Paulo da Cunha lhe cobrasse apenas dez mil euros, tendo sido só o que lhe pagou.
Paulo Blanco, advogado e arguido, diz que houve encontro no hotel trópico com Orlando Figueira.
PB reforça que confirmou depois a inquirição pedida por Rosário Teixeira e confirma ainda o que foi dito por Orlando Figueira. "No hotel Ritz ouvi a conversa do almoço entre o Orlando Figueira e o Carlos Silva. Pôs a vida em cima da mesa... O Orlando Figueira estava a divorciar-se. Expôs a sua vida pessoal e estava disponível para ir para Angola", confessou.
"O Carlos Silva disse que precisava de gente qualificada. Foi por isso que mandei um email, porque foram ali discutidos os termos do contrato. E mandei um email ao Carlos Silva com a minuta", explicou PB, referindo que depois, sim, existe o pedido do empréstimo por causa do divórcio de Orlando Figueira. "Falei com o Dr. Carlos Silva. Levei-o até ao gabinete do Carlos Silva para tratar do empréstimo", explicou PB.
"Passando novamente para o contrato, mandei a minuta, com partes em branco, porque não se sabia quem ia contratar, se era o banco de direito angolano ou português. Depois disso, recebo indicações de que não pode ser o Banco Privado Atlântico e dizem-me que vai para a Finicapital", concluiu.
A Operação Fizz assenta na acusação de que Manuel Vicente pagou 760 mil euros a Orlando Figueira, para que este arquivasse dois inquéritos, um deles o caso da empresa Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril em 2008.
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