Diana Pereira garantiu em tribunal que a sua única preocupação foi melhorar a assistência aos doentes.
A médica que denunciou onze casos de más práticas clínicas no Hospital de Faro garante que a sua única preocupação foi melhorar a assistência aos doentes.
As alegadas negligências ainda estão a ser investigadas, mas a médica já está a ser julgada por denegrir a imagem do antigo diretor do serviço de cirurgia do Hospital de Faro.
Com o julgamento a chegar ao fim, Diana Pereira pediu para prestar declarações.
"O que eu queria era que o hospital de Faro funcionasse bem e que os algarvios nao tivessem medo de ir lá", referiu a jovem médica, que garante que a "não conseguia dormir à noite" a pensar nos doentes.
"O que moveu a doutora Diana foi o problema de assistência dos doentes. Ela não teve nenhuma vantagem económica", referiu ao CM o advogado Francisco Teixeira da Mota.
Quando fez as denuncias, em 2023, Diana Pereira ainda estava em regime de internato.
No entanto, nos cerca de três meses que esteve no hospital algarvio garante que participou em mais de 180 cirurgias.
Em tribunal, a médica relatou que em apenas um mês e meio de formação fez nove apendicectomias laparoscópicas (remoção do apêndice com técnica cirúrgica minimamente invasiva), inclusivamente em crianças e como cirurgiã principal, quase sempre acompanhada do seu orientador, Pedro Henriques.
A médica afirmou ter começado a colocar em causa a competência de Pedro Henriques como orientador logo nas primeiras semanas de internato, quando o que via acontecer no bloco operatório não correspondia aos vídeos educativos que visualizava quando se preparava para as cirurgias.
A ré assumiu em tribunal ter chegado a um ponto de "exaustão" depois de ter assistido a vários casos de alegadas más práticas por parte deste cirurgião, sentindo que não podia continuar a "compactuar" com aquelas situações, pois isso fazia de si cúmplice, tendo acabado por fazer uma queixa à Polícia Judiciária, onde denunciou onze casos.
O diretor clinico da altura, Horácio Guerreiro, também foi ouvido e confirmou que chegou a pedir para ser realizada uma avaliação psiquiátrica à médica Diana Pereira, que chegou a colocar alguns doentes a ouvir música durante a noite.
"Não é normal ter alguém no hospital que coloque os doentes a dançar à meia noite", descreveu Horácio Guerreiro, que considera que Diana Pereira, que só estava há dois meses no hospital, "se sentia empoderada para ajudar os doentes, mas podia não estar a julgar bem os casos, por não ter o enquadramento suficiente".
Também ouvido em tribunal, o cirurgião Manuel Parreira, que fazia parte da equipa de Diana Pereira, descreveu Pedro Henriques, que fora seu interno, como um médico que "necessitava de apoio de uma pessoa mais diferenciada quando havia intervenções mais complicadas".
Reconhecendo ter havido algumas queixas sobre a prática clínica daquele cirurgião, Manuel Parreira admitiu ter a perceção de que havia mais novas intervenções após as cirurgias realizadas por Pedro Henriques, já que as complicações "eram mais frequentes".
Diana Pereira acusou ainda o antigo diretor do Serviço de Cirurgia do Hospital de Faro de ter sido conivente.
Martim dos Santos considera que foi altamente prejudicado a nível pessoal e profissional e exige uma indminização de 172 mil euros.
"Este é um processo onde se ouve falar de vários nomes e o nome do autor do processo acaba por ser o menos falado", considerou o advogado Paulo de Sá e Cunha, que alerta que "uma reputação leva uma vida a ser criada, mas pode ser abalada em segundos".
As alegações finais estão marcadas para o dia 28 deste mês, onde os advogados irão medir forças.
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