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Raves devolvem violência ao Porto

Foi com uma violenta cena de pancadaria e um tiro para o ar que acabou mais uma noite de festa para além do amanhecer na discoteca Maré Alta, na marginal do rio Douro, Porto. Tratou-se do único incidente grave após uma ronda de raves até de manhã, uma realidade que ganha cada vez mais adeptos na cidade do Porto.

09 de março de 2009 às 00:30

Ontem, na discoteca Sala 114, na zona industrial da cidade, vieram mesmo autocarros da Amadora para trazer clientes. A atracção era Rush, um DJ americano considerado o top da música pesada.

As festas prolongaram-se até de manhã e às 10h20, à porta do Maré Alta, na marginal, um homem de 31 anos foi agredido à coronhada e a soco por cinco indivíduos.

Na zona industrial do Porto, onde algumas discotecas também só fecham portas já o dia nasceu há várias horas, não houve registo de feridos, mas foram diversos os pequenos incidentes que tornaram a noite atribulada. Muito álcool, muitos speeds que ajudam a que se consiga dançar até o Sol raiar e muita violência gratuita.

É a nova noite do Porto, onde a violência cresce de dia para dia, depois da onda de mortes e consequentes acções policiais terem transmitido um aparente sentimento de acalmia.

As localizações são bem conhecidas. À porta do Maré Alta, em 2006, morreu um jovem na sequência de um rixa fútil. No ano seguinte, a poucos metros da Sala 114 (que então não existia), Aurélio Palha, dono da discoteca Chic, foi executado. Os contornos exactos do crime, atribuído ao gang da Ribeira, continuam por esclarecer.

"P'RA BOMBAR A NOITE TODA"

"P’ra bombar a noite toda." Não é um grito de guerra, é apenas a ordem de quem viajou quatro horas de autocarro e não dá qualquer mostras de cansaço. Chegam ao Porto já a noite está quase a terminar (pelas 03h30), mas sabem que as portas da discoteca se manterão abertas até muito para além do nascer do dia. Só regressam pelas 12h00, novamente de autocarro,e têm de aproveitar ao máximo o som de Ed-Rush, que os fez sair dos bairros da Amadora rumo à Invicta, desafiando o frio do Norte com simples t-shirts ou qualquer outra indumentária aligeirada. Dão mostras de impaciência à porta da discoteca Sala 114, mas já se abanam aos sons perfeitamente audíveis a partir do exterior do espaço de dança. Estão excitados e reagem à mais pequena contrariedade.A segurança da casa é reforçada na rua para os manter controlados. Ontem conseguiram.

NÃO QUIS APRESENTAR QUEIXA À PSP

"Isto foi aqui uma grande confusão, mas aqui também já é normal. Da minha janela vi um conjunto de homens a bater num jovem. Vi-os a ir ao carro buscar paus. Por fim só ouvi um tiro." Foi assim que um dos populares que moram nas imediações da rua do Ouro descreveu ao Correio da Manhã o incidente à porta da discoteca Maré Alta.

Ainda não se apurou o que terá levado ao confronto, até porque o agredido optou por não apresentar queixa à polícia. Todavia, os agentes da PSP que acorreram ao local encontraram o invólucro de uma bala de calibre 6,35mm. Os agressores fugiram de carro.

Ao que o CM apurou, também os bombeiros portuenses foram chamados ao local, sendo que o jovem apresentava "ferimentos ligeiros na cara". n

INCIDENTES SÃO MAUS PARA O NEGÓCIO DA NOITE

Bons clientes, com bilhetes comprados e consumos garantidos, mas um barril de pólvora quando chegam em grupo. Na discoteca Sala 114 a paragem dos autocarros é sujeita ao mais apertado controlo. S., o chefe da segurança, grita instruções aos clientes. Lembra as proibições do uso de armas, as restrições a outros objectos que propiciem violência, mas não providencia qualquer revista. O objectivo não é assustar os grupos ou alterar--lhes as rotas, é apenas evitar incidentes graves que acabam por ser também desastrosos para o negócio. Levam a polícia ao local e acabam com as festas.

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