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Sem-abrigo português que morreu em Londres foi deportado duas vezes do Reino Unido

Homem com cerca de 35 anos, natural de Lisboa, era ex-modelo.

16 de fevereiro de 2018 às 19:19

O sem-abrigo português que morreu numa estação de metro em Westminster já tinha sido deportado duas vezes do Reino Unido, confirmou, esta sexta-feira fonte do Gabinete do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

Segundo a mesma fonte, ainda não foi possível localizar a família do cidadão português e não se conhecem familiares diretos do mesmo em Portugal. Sabe-se, no entanto, que poderão residir noutros países, onde se inclui Angola, onde teria "raízes familiares". 

Registado no Consulado Geral de Portugal em Londres desde 2008, foi deportado para Portugal pelas autoridades britânicas em 2014 e 2016. Nesse último ano, foi expulso por se encontrar ilegalmente no país, "sem que tivesse sido formulado qualquer pedido de apoio aos serviços consulares". 

A partir daí, as autoridades portuguesas perderam-lhe o rasto, não tendo qualquer registo de que estaria em território britânico. 

Recorde-se que o Governo português já tinha confirmado na quinta-feira a morte do cidadão português, encontrado na estação de metro de Westminster, perto do parlamento britânico, em Londres.O alerta foi dado por elementos da equipa de contacto da autarquia de Westminster na quarta-feira às 07h16, quando foi descoberto o homem sem respirar, levando à chamada dos serviços de emergência. "Infelizmente, apesar dos esforços de reanimação, ele morreu no local", indicou um porta-voz do Serviço de Ambulância de Londres.O incidente gerou alguma controvérsia por o homem ter sido encontrado perto do parlamento, levando o líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, a deixar um cartão de condolências e flores. Na altura, Corbyn escreveu no Twitter: "Acabei de ser informado sobre a morte de um sem-abrigo à entrada do parlamento. Os poderosos não podem continuar a passar ao lado, enquanto há pessoas que não têm uma casa. Está na hora de todos os deputados assumirem este desafio moral e encontrar casa para todos".Uma porta-voz do 'Mayor' de Londres, Sadiq Khan, declarou que este "ficou profundamente triste" ao saber da morte do sem-abrigo.Números divulgados em janeiro indicam que o número de pessoas sem abrigo em Inglaterra aumentou 73% desde 2014. A vereadora de Westminster Rachael Robathan, responsável pelo pelouro para a habitação, lamentou o que aconteceu, num depoimento enviado à Lusa."Há muitas vezes razões complexas pelas quais as pessoas acabam a dormir nas ruas. Mas seja qual for o plano de fundo, estas são pessoas que precisam de cuidados e apoio", afirmou. Westminster conta anualmente com cerca de 3.000 sem-abrigo por ano e a autarquia tem equipas de contacto todas as noites que tentam evitar que as pessoas passem mais de duas noites na rua, além de meios de sinalização de pessoas nessa situação.Toxicodependência, problemas de saúde mental e violência doméstica são algumas das causas identificadas. Uma organização de apoio a sem-abrigo revelou que tinha assistido o português recentemente e que este estava à procura de emprego. "Ele era um nacional português que permaneceu no nosso centro de emergência por algum tempo e que estava a ter ajuda para encontrar um emprego", indicou a Connection at St Martin's. O português, cuja identidade ainda não foi revelada, tinha trabalhado anteriormente como modelo e em funções de atendimento ao público."Ele colocou um pedido de emprego para ser empregado de mesa na semana passada. Embora estivesse em circunstâncias complexas, ele gostava de cantar e frequentava regularmente aulas de ioga", adiantou a organização.

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