Um grupo de cinco cabeças-rapadas oriundos da Grande Lisboa esteve na sexta-feira à noite no centro de Coruche. “Foram explorar o terreno”, disse ao Correio da Manhã fonte policial.
A GNR já suspeitava que ‘skinheads’ estavam prontos a marcharem sobre aquela vila ribatejana (como o CM ontem noticiou) com o objectivo de agredirem as famílias ciganas que, nos últimos dias, se têm envolvido em confrontos com a população local.
Eram cerca das 20h00 quando os cinco cabeças-rapadas trajados com gabardinas pretas foram detectados no interior de um café, no centro de Coruche. Uma patrulha da GNR local deslocou-se ao café e identificou os cinco homens.
“Provavelmente, estavam na esplanada à espera que os ânimos se exaltassem entre os habitantes e a comunidade cigana [tal como acontecera na véspera] para actuarem”, disse a mesma fonte.
Conforme o Correio da Manhã noticiou ontem, os Núcleos de Investigação Criminal da GNR obtiveram informações de que os confrontos entre a população de Coruche e a comunidade cigana local – com mais de 500 indivíduos – despertara a atenção de um grupo de ‘skins’, elementos considerados extremamente racistas e perigosos, espalhados por toda a Grande Lisboa.
Os cabeças-rapadas começaram a movimentar-se a partir da tarde de sexta-feira – precisamente com o objectivo de irem em ‘socorro’ dos habitantes da vila, que se têm queixado da violência, distúrbios e roubos de que são frequentemente alvos por parte das famílias ciganas.
Os últimos episódios desta tensão levaram, na quarta-feira, à destruição parcial de um café quando o dono se recusou a servir uma cerveja a um indivíduo cigano e, no dia seguinte, voltaram a haver agressões durante uma manifestação popular.
A possibilidade de um confronto racial em Coruche mantém o Comando-Geral da GNR em alerta máximo: todo o Grupo Territorial de Santarém está de prevenção, com o apoio de duas equipas do Batalhão de Operações Especiais (BOP) do Regimento de Infantaria e da Brigada de Trânsito, responsável pelo controlo de todos os acessos a Coruche.
Em alerta está também um outro pelotão do BOP, aquartelado em Lisboa. Recorde-se que Coruche fica a cerca de 45 minutos da capital.
"SE OS APANHAM, PUXAM O GATILHO"
Em Monforte, distrito de Portalegre, a população está revoltada com a onda de assaltos praticada nos últimos três meses por “três ou quatro toxicodependentes residentes na vila”.
O povo já se organizou para acabar com este clima de insegurança. Armado de caçadeiras, um grupo de populares saiu mesmo à rua, na quarta-feira à noite, para apanhar os suspeitos e nem sequer se importou com os apelos à calma por parte da GNR.
“Ainda viram um a saltar o muro de uma casa. Se os apanham puxam logo o gatilho das espingardas”, disse ao nosso jornal José Santos, uma das cerca de duas dezenas de vítimas dos assaltos. “Não faço parte desse grupo, mas também tenho uma caçadeira. Se voltarem de novo à minha casa, e se vir alguém, dou-lhe um tiro”, garante José Santos.
Enquanto via o desafio de futebol entre Benfica e Sporting, José Santos ficou sem diversas jóias em ouro e dinheiro no valor de quatro mil euros.
“Não estava ninguém em casa e levaram fios, anéis e pulseiras e o dinheiro da carteira. É uma vida a trabalhar para nada”, diz.
A ‘quadrilha’ assaltou desde Fevereiro mais de uma dezena de moradias, vários estabelecimentos comercias e edifícios públicos. Em dois assaltos à Câmara Municipal, levaram um cofre com 80 euros, moedas da máquina do café, 12 chaves e dois computadores portáteis. “Furtam artigos que são fáceis de trocar por droga”, diz fonte da GNR. O policiamento foi reforçado nas ruas da vila.
'BATEDORES'
A GNR acredita que os cinco ‘skinheads’ que se deslocaram a Coruche tinham como missão ‘bater o terreno’ – aferir a possibilidade de uma incursão à vila com mais ‘reforços’.
PROTAGONISMO
Fonte da GNR, contactada pelo CM, está convicta de que os cabeças-rapadas esperavam a presença das câmaras de televisão, tal como acontecera na véspera, para ‘angariarem’ protagonismo para o movimento de extrema-direita. Ao mesmo tempo que não descartariam uma intervenção física caso as famílias ciganas aparecessem.
COOPERANTES
Ao que o CM apurou, os cinco indivíduos que a GNR identificou acabaram por cooperar sem causar quaisquer distúrbios. Entraram em duas viaturas e deixaram a vila.
MOVIMENTO
Os Núcleos de Investigação Criminal da GNR recolheram indícios de que o local da reunião dos cabeças-rapadas será – ou já terá sido – na zona de Alvalade, em Lisboa. O movimento pode partir daí e marchar até Coruche.
ESPERADOS
A GNR já contava com a presença dos ‘skinheads’ em Coruche. “Trata-se de um grupo muito organizado e com funções perfeitamente atribuídas”, diz fonte policial.
BAIRRO DA 'DESGRAÇA'
A comunidade cigana de Coruche é considerada uma das maiores do País. Divididas entre os bairros da ‘Desgraça’ e da ‘Azervadinha’, nas imediações da vila, as famílias ciganas representam dois por cento do total da população – mais de 500 indivíduos. A maior parte não tem trabalho e são uma preocupação para a autarquia.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.