A edição de hoje
De mangueiras e baldes na mão enfrentaram as chamas, num combate desigual. "Deus protegeu-nos, mas tememos o pior", confessou uma moradora de Fial.
Imagens impressionantes mostram dimensão das chamas em Gondomar
Rua da Escoura, Jovim, Gondomar. Ao pânico, junta-se a revolta. "Tivemos de ser nós, os civis, a queimar as pernas para retirar uma moradora velhinha do fogo", protesta a mulher, ainda jovem, enquanto gesticula para dar expressão às palavras. "Não havia um bombeiro para ajudar! Está tudo a arder, e não há ninguém, é uma vergonha", grita outra moradora, inconformada com a falta de meios.
De balde na mão, seguiram juntas, em passo apressado, para um combate desigual, tal a dimensão das chamas que ameaçavam devorar a freguesia, ainda que não estivessem sozinhas. Na ausência de bombeiros, foram os populares que enfrentaram o fogo para defender as suas casas e haveres. Em Jovim e em muitas outras terras e povoados do Norte e Centro do País.
"Não pregámos olho toda a noite, já andamos nisto desde segunda-feira. Apagamos de um lado, mas logo surge fogo do outro. O vento é muito forte. Temos vivido horas de muito pânico", conta Paulo Puga, morador em Fial, Albergaria-a-Velha, um dos concelhos mais afetados pelos incêndios dos últimos dias. "Era fogo por todo o lado e não havia bombeiros. Se não fossem as cisternas, não tínhamos conseguido salvar as nossas casas. Os agricultores ajudaram muito", acrescenta Israel Soares.
A vizinha, Maria Olinda, garante que não se lembra de um inferno assim na região e, embora seja uma mulher de fé, não escondia o medo que sentiu. "Deus protegeu-nos, mas tememos o pior. As labaredas eram enormes, andei a noite toda a molhar a minha casa com uma mangueira", disse.
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