Os funcionários do Tribunal de Loulé estão preocupados com a segurança do edifício, inaugurado há pouco mais de uma década: as paredes apresentam fissuras e verificam-se abatimentos no chão. Sinais de degradação que se terão acentuado desde o sismo do passado dia 12. Existe mesmo o receio de que, se nada for feito, a casa possa vir abaixo.
Jacinta Charneca, coordenadora no Algarve do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública Algarve, refere que os funcionários do Tribunal temem “que, em presença de uma tempestade ou pequeno sismo, se venha a verificar uma tragédia”. E o recente tremor de terra agravou ainda mais “o estado decadente do edifício”, abrindo “novas fissuras e agravando os desníveis das anteriores”.
Os abatimentos no piso são outro problema relatado pelos trabalhadores: “Os ladrilhos no sanitário masculino estão a saltar e, por baixo deles, nota-se mesmo um declive. O chão está a abater a olhos vistos, havendo armários que, colocados lado a lado, fazem um ‘V’.” Além disso, “as ombreiras das portas estão todas arrancadas e as janelas não se podem fechar devido ao desnível das paredes”. O sindicato fala de um “tribunal em ruínas” e acusa as entidades oficiais de não agirem.
OBRA MAL FEITA
Os magistrados também estão preocupados. António Ventinhas, do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, afirma que “a obra foi mal feita”, adiantando que o edifício terá sido construído numa zona onde passa um caudal de água subterrâneo. Em determinadas alturas, a água sobe e corre “em cascata pelas escadas”.
João Grade, advogado que conhece bem os tribunais algarvios, não hesita em dizer que “o de Loulé é o pior da região, a todos os níveis”.
O presidente da Câmara, Seruca Emídio, salienta que “o tribunal tem problemas desde que foi construído”, mas, tanto quanto sabe, “não está em causa a segurança de quem lá trabalha”. O autarca defende a necessidade de o Governo avançar com obras de fundo no edifício.
CÍRCULO COM MAIOR NÚMERO DE INQUÉRITOS
O relatório da Procuradoria-Geral da República, relativo a 2005, indica que o círculo judicial de Loulé – que integra Albufeira – foi o que registou “o maior volume de entradas de processo de inquéritos no distrito judicial de Évora”. Só na Comarca de Loulé deram entrada no referido ano 6624 inquéritos.
O documento diz que o tribunal local tem instalações “adequadas”, mas que apresentam “problemas estruturais”, ostentando “fissuras” e “problemas de infiltrações de águas pluviais”, pelo que são necessárias obras.
Também o Tribunal de Albufeira apresenta lacunas. Segundo o relatório, “as instalações são insuficientes, com carências a nível de espaço e de funcionalidade”, bem como a existência de “problemas de infiltração de águas pluviais” no espaço ocupado pelo Ministério Público.
LAGOS É CAMPEÃO DE ATRASOS
As instalações do Tribunal Judicial da comarca de Lagos, velhas de três décadas, estão esgotadas. Segundo a PGR, o Ministério Público ocupa um “espaço inadequado” e o edifício apresenta “sinais de degradação”. Parte do tecto do rés-do-chão abateu em Novembro de 2003. É a comarca com “as mais graves situações de acumulação de serviço” entre os quatro tribunas do círculo judicial de Portimão, que inclui também Monchique e Silves. Há processos atrasados quatro anos.
Um advogado revelou que há bolor na sala de interrogatórios, onde estão expostos facas e machados com etiquetas de processos. Uma das duas celas foi transformada em arrecadação e “é normal haver julgamentos na biblioteca e no gabinete da juíza”, porque só há uma sala de audiências. O tribunal tem dois juízos de vara mista e dois juízes. Devia ter um juízo criminal. Há espaço no rés-do-chão, onde funciona um notário e uma conservatória.
A PGR diz que o espaço devia ser para o MP, cujo quadro de funcionários tem de aumentar de seis para dez. É o tribunal com a maior rotatividade de magistrados na região. Ninguém está confortável num tribunal que até já foi assaltado.
FARO
As instalações do Tribunal de Faro são antigas e exíguas. António Ventinhas, do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, afirma que faltam salas de audiência, o mobiliário está a cair de velho e o tecto das casas de banho tem caído.
SEGURANÇA
Relatórios da PSP e da Direcção-Geral da Administração da Justiça, revelados recentemente pelo CM, indicam que o Tribunal de Faro apresenta “graves vulnerabilidades” ao nível do controlo de acessos, que “afectam a protecção de pessoas e bens”. Também foram noticiados problemas em Olhão.
RELAÇÃO
O Tribunal da Relação de Faro está prometido há 8 anos, mas continua sem sair do papel. Actualmente, mais de metade dos casos tratados na Relação de Évora tem origem no Algarve. Faro irá, entretanto, dispor, até ao final desta legislatura, de um campus da Justiça.
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