Motoristas de matérias perigosas ameaçam com nova greve
Sindicato exigiu documento com subida de 50 euros no subsídio operacional e garantia do pagamento de horas extraordinárias.
E está à vista nova greve de camionistas. Foram longas horas de discussão que, no final da noite, terminaram em posições ainda mais extremadas entre motoristas e patrões.
Falhou a tentativa do Governo para que o Sindicato de Motoristas de Matérias Perigosas e a Antram, que representa as transportadoras, avançassem para a mediação.
De manhã, os patrões tinham informado o ministro das Infraestruturas que estavam disponíveis para levar todos os dossiês polémicos para discussão na mediação, inclusive a atualização do subsídio operacional para os condutores de matérias perigosas e a cláusula relativa à isenção horária, mas sem valores fechados.
À tarde, o porta-voz do sindicato, Pardal Henriques, levantou dúvidas sobre o facto de o Governo ter chamado a Antram antes de ouvir os motoristas. E nem o aviso do ministro Pedro Nuno Santos de que "a novela acabou" alterou o desfecho das reuniões.
Depois de cinco horas, o sindicato anunciou que não avançaria para a mediação sem que a Antram se comprometesse a atualizar o subsídio em 50 euros de 125 para 175 euros e a pagar as horas extraordinárias. "Vamos dar seguimento ao que foi determinado no plenário de domingo", ou seja, greve às horas extraordinárias e ao trabalho aos fins de semana e feriados, anunciou Pardal Henriques. O pré-aviso de greve deverá ser apresentado nos próximos dias. O porta-voz do sindicato frisou que "a Antram não quis evitar a greve por 50 euros".
André Almeida, representante da Antram, garantiu que as empresas mostraram abertura para negociar tudo, mas que o sindicato "quis vincular o objeto da mediação e impor à cabeça, num documento, aumentos".
Pedro Nuno Santos confirmou que "uma das partes quis definir resultados ainda antes da mediação se iniciar". "Não é assim que se faz este processo", disse o governante. O ministro disse ainda esperar que a greve não avance.
Executivo dá por terminada situação de alerta
O Governo cessou esta terlça-feira a situação de alerta que vigorava desde dia 09, após o fim da crise energética.
O despacho foi assinado por Eduardo Cabrita. O Ministério da Administração Interna diz que se deixaram de verificar "as circunstâncias que levaram à necessidade da requisição civil e da situação de alerta".
Conflito laboral
A greve dos motoristas de matérias perigosas teve consequências limitadas para as empresas de comércio e serviços, segundo o presidente da confederação do setor, João Vieira Lopes.
O reforço preventivo de stocks e o não prolongamento da greve por mais dias explicam a situação.
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