54 pessoas morreram em caminhos de ferro em 2024. Números são mais elevados face ao ano anterior

Das 54 mortes, 20 foram por acidentes e 34 por suicídio.

03 de dezembro de 2025 às 11:56
Comboios de Portugal Foto: TIAGO PETINGA/ lusa
Partilhar

A sinistralidade ferroviária não dá tréguas em Portugal. Em 2024, morreram 54 pessoas na via férrea: 20 em acidentes e 34 por suicídio. Todas as mortes por acidente resultaram de colhidas de pessoas ou de incidentes nas passagens de nível, de acordo com o Relatório Anual de Segurança Ferroviária, avança o Jornal de Notícias.

A análise confirma que a esmagadora maioria dos acidentes significativos (83%), se concentra nos mesmos dois problemas: colhidas de pessoas por comboios, que aumentaram 25%, e em passagens de nível. Para os maquinistas, estes números traduzem-se em desgaste acumulado. "Há colegas que, ao longo da carreira, passam por dezenas de episódios destes, colhidas, atropelamentos e quase colhidas. Isso vai-se somando. Há quem fique meses sem conseguir voltar à condução", explica António Rodrigues, presidente do Sindicato dos Maquinistas, ao Jornal de Notícias.

Pub

A Infraestruturas de Portugal tem investido na supressão de passagens de nível, tendo eliminado, numa década, 74 estruturas. No final do ano passado, a rede contava com 785 passagens para peões e para veículos. A maioria conta com guarda ou sinalização automática, mas há quem ignore. António Domingues considera que "a redução das passagens de nível está a ser demasiado lenta. Há passagens de nível perigosas, mal sinalizadas e com tráfego que justificava encerramento ou desnivelamento. Continuam a acontecer acidentes porque muitos automobilistas ignoram sinalização e barreiras, mas também porque há pontos negros que tardam em desaparecer".

 Os suicídios, 34 em 2024, continuam a representar mais de metade das fatalidades ferroviárias. O sindicalista relembra que, tecnicamente, os maquinistas pouco podem fazer. "Um comboio a 120 quilómetros por hora precisa de cerca de 600 metros para parar. A 200, muito mais. Quando alguém surge na via, é humanamente impossível evitar", frisa ao Jornal de Notícias.

A nível europeu, os dados mais recentes (2023) da Agência Ferroviária da União Europeia mostram que Portugal apresenta uma das taxas de mortalidade ferroviária mais elevadas da UE, com 5,9 mortos por mil quilómetros de linha, mais do dobro da média europeia (2,5).

Pub

 De acordo com a análise feita ao relatório, Portugal ainda está longe do objetivo traçado para 2030, que era reduzir o número de sinistros via-férrea para menos de 10.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar