Adiada reposição dos sentidos de trânsito nas laterais da Avenida da Liberdade em Lisboa
Anúncio foi feito pelo presidente da autarquia, Fernando Medina, que adiou obra para depois das eleições.
A Câmara de Lisboa decidiu adiar para um próximo mandato a reposição dos sentidos de circulação rodoviária nos corredores laterais da Avenida da Liberdade, anunciou esta quarta-feira o presidente da autarquia, Fernando Medina.
"A decisão que tomei foi a de propor que ela [alteração] só fosse realizada num próximo mandato. Por uma razão simples: é uma obra que vai implicar um estaleiro significativo devido às alterações nos semáforos", afirmou o autarca, que falava na reunião pública da Câmara, a decorrer esta quarta-feira à tarde por videoconferência.
A questão foi levantada pela vereadora Teresa Leal Coelho, eleita pelo PSD, responsável pela proposta aprovada pelo executivo municipal (liderado pelo PS) em outubro do ano passado, que visava a reposição dos sentidos do trânsito rodoviário nas laterais da Avenida da Liberdade.
A proposta teve os votos favoráveis do PS, PSD, CDS-PP e BE e a abstenção do PCP, disse à Lusa fonte do município na ocasião.
Fernando Medina (PS) defendeu esta quarta-feira que, "num processo de pandemia e numa altura tão delicada para o comércio, estar a perturbar e causar um incómodo adicional com uma obra desta natureza seria mais prejudicial do que benéfico".
"Trata-se de uma questão de prudência, de não abrir uma nova frente de tensão e de 'stress' numa altura em que as lojas, os restaurantes batem-se com a incerteza" causada pela pandemia de covid-19, argumentou.
"Achamos que era prudente não criar um novo estaleiro. Seria prolongar por muitos meses, mesmo com a obra feita por secções. Causará sempre um incómodo adicional sobre pessoas e entidades que já sofreram muito", reforçou o presidente da Câmara de Lisboa.
Em resposta, a vereadora Teresa Leal Coelho lamentou "profundamente" esta decisão e acusou Medina de ter feito uma "revogação unilateral" da medida.
A autarquia procedeu, em 2012, a um conjunto de alterações na circulação rodoviária na rotunda do Marquês de Pombal e na Avenida da Liberdade, que de imediato tiveram impacto "em toda a mobilidade da cidade de Lisboa, devido à importância desta zona enquanto polo distribuidor dos fluxos de tráfego na cidade", defendia a autarca na proposta.
Na Avenida da Liberdade foram redefinidas as vias de circulação do corredor central e o sistema de circulação nos corredores laterais também foi alterado, deixando de ser possível percorrer no mesmo sentido toda a avenida pelas laterais.
"Advieram graves perturbações da introdução deste novo esquema de circulação, não apenas para moradores e comerciantes, mas também para os utilizadores de todo o eixo da Avenida da Liberdade", destacava Teresa Leal Coelho no documento, acrescentando que "o corte da continuidade de circulação entre as secções das faixas laterais veio prejudicar até a procura de lugar de estacionamento".
Além disso, apontava a proposta, esta medida, aprovada definitivamente em 2013, causou o desvio de tráfego para artérias da cidade "que não estavam, nem estão, preparadas para comportar os elevados fluxos sentidos, sobretudo em hora de ponta, designadamente as ruas paralelas à Avenida da Liberdade, bem como o eixo da Avenida Almirante Reis e o da Rua da Escola Politécnica".
Segundo o documento, em 2019, "as concentrações médias de dióxido de azoto na Avenida da Liberdade foram bastante elevadas, sendo que só conheceram uma redução drástica durante os estados de alerta e emergência e a primeira fase de desconfinamento".
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