Confederação dos Agricultores de Portugal mantém 'modus' contestatário e "vontade férrea" de lutar contra injustiças

CAP nasceu em 25 de novembro de 1975, no auge do Processo Revolucionário em Curso. Presidente garante existir "uma dinâmica de afirmação".

23 de novembro de 2025 às 09:36
Presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura Foto: Vítor Mota
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O presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, garantiu que a confederação nunca perdeu o seu 'modus' contestatário e a vontade férrea de lutar contra as injustiças, quando se assinalam os 50 anos da sua fundação.

"Há uma vitalidade inerente à forma como nascemos que, felizmente, não só se manteve, como se desenvolveu. Há uma dinâmica de afirmação, de contestação de tudo aquilo que afeta a agricultura e as florestas, que tem muito a ver com a nossa génese, o nosso nascimento", afirmou Álvaro Mendonça e Moura, em entrevista à Lusa.

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Para o antigo embaixador, a CAP nunca perdeu o seu 'modus' contestatário, que foi, desde logo, essencial para que os militares sentissem o apoio popular para o movimento 25 de Novembro, quando o país entrou em estado de sítio, após os militares da ala extrema-esquerda terem tomado pontos estratégicos.

Essa "vontade férrea" de lutar contra as injustiças e contra o menosprezo pelos agricultores e produtores florestais "nunca se perdeu" na CAP, assegurou.

A confederação nasceu em 25 de novembro de 1975, no auge do Processo Revolucionário em Curso (PREC) e da reforma agrária, período que Mendonça e Moura recordou como muito difícil, uma vez que foi preciso "partir do zero", juntar associações e montar toda a estrutura de apoio ao setor.

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O presidente da CAP lembrou que a agricultura sofreu grandes alterações, o que também se deve ao apoio que tem sido dado às várias associações, bem como ao contributo para a definição das políticas públicas.

Álvaro Mendonça e Moura sublinhou que a CAP tem "uma linha vermelha absoluta" que faz parte da sua génese -- a liberdade de associação --, que disse já ter sido atingida quando foi sugerido, durante o governo da chamada 'geringonça' (PS,BE,PCP e PEV), que os viticultores do Douro fossem obrigados a filiar-se na Casa do Douro para poderem exercer a sua atividade.

O presidente da CAP notou que a sociedade civil precisa, sem pressão do Estado, de se organizar melhor e de se desenvolver, considerando que ainda há um "longo caminho a percorrer" e destacou que a confederação, ao longo de 50 anos, teve relações muito boas com Governos de diferentes partidos e "relações más ou péssimas" com outros.

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"O ponto, para nós, não é saber qual é a cor política do ministro da Agricultura. Para nós, o ponto é se o governo atribui importância à agricultura ou se, pelo contrário, como já tivemos, procura criar todo o tipo de obstáculos", notou.

A estratégia da CAP para os próximos anos vai passar por continuar a reforçar a sua presença em todo o território, por continuar a apoiar as associações e por lutar pelo aumento do rendimento do agricultor.

A CAP está representada em vários ministérios, é membro do Comité Económico e Social e da Comissão Permanente de Concertação Social.

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Esta confederação conta com cerca de 256 organizações filiadas, de Norte a Sul, incluindo ainda a Madeira e os Açores.

Para celebrar o 50.º aniversário, a CAP realiza, entre terça e quarta-feira, no Pavilhão de Portugal, em Lisboa, um congresso dedicado ao tema "A evolução da agricultura e da floresta portuguesas desde 1975, no contexto da mudança socioeconómica e política do país".

O evento vai reunir, para além dos associados e parceiros, responsáveis políticos, empresários e líderes do setor para também projetar o futuro da agricultura e das florestas nacionais.

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