Formigas têm 'ângulos mortos' ao transportar cargas tal como camionistas

Pequenos animais são capazes de transportar até oito vezes o seu peso corporal.

08 de outubro de 2025 às 01:13
Formigas Foto: Direitos Reservados
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As formigas cortadeiras, pequenos animais capazes de transportar até oito vezes o seu peso corporal, têm 'ângulos mortos' quando transportam carga, tal como os camionistas, de acordo com um estudo.

A investigação foi realizada pela cientista do Instituto Smithsonian de Investigação Tropical (STRI), no Panamá, Sabrina Amador, e a sua estagiária, Katherine Porras, na qual registaram formigas com e sem folhas para observar como usavam as suas antenas, as partes do corpo que estes animais usam para tocar, cheirar e saborear.

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Como as formigas seguem rastos 'sentindo' os químicos que as outras formigas deixam para trás com as suas antenas, as investigadores ofereceram-lhes folhas artificiais, que recolheram.

Enquanto caminhavam, cortavam-nas cuidadosamente ao meio para reduzir a carga. Observaram o uso das suas antenas antes e depois de o fazerem.

Descobriram que as formigas que transportavam folhas tocavam o solo menos vezes com as suas antenas por passo do que as formigas sem folhas.

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Além disso, as formigas aumentaram o número de toques nas antenas quando os cientistas reduziram a carga para metade.

De acordo com as suas observações, transportar uma grande carga limita a capacidade das formigas tocarem no solo com as suas antenas, dificultando a perceção do percurso.

"Carregar cargas maiores pode dificultar a passagem por obstáculos no trilho ou superfícies irregulares. Curiosamente, este efeito é mais forte em formigas maiores, como se fossem camiões maiores", explicou o Smithsonian em comunicado citado na terça-feira pela agência Efe.

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"O que descobrimos pode explicar porque é que, apesar de terem força para mover cargas maiores, algumas formigas optam por transportar cargas mais pequenas", explicou Amador.

Algumas formigas cortadeiras podem transportar até oito vezes o seu peso corporal e, ao transportarem uma carga grande, caminham mais lentamente, abrandando as suas companheiras, tal como os camiões grandes fazem numa autoestrada.

Este fenómeno, conhecido como "efeito camionista", pode reduzir a velocidade das formigas que as seguem até 50%.

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A razão por detrás deste fenómeno, que era um mistério, pode ser explicada pelos "pontos cegos" que estes animais apresentam ao deslocarem-se pelo trilho.

"As formigas cortadeiras são hábeis a resolver problemas de logística e transporte, e agora compreendemos mais sobre a sua capacidade de suporte. À medida que os humanos enfrentam problemas semelhantes, podemos aprender lições valiosas com as suas estratégias de eficiência", acrescentou Amador.

As formigas cortadeiras enriquecem o solo e dispersam as sementes, desempenhando um papel vital nas florestas tropicais das Américas.

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Surpreendentemente, podem recolher entre 1 a 2 toneladas de material vegetal por ano.

Estudar o seu comportamento ajuda a compreender como navegam pela floresta, regressam ao ninho ou ultrapassam obstáculos enquanto transportam material vegetal, mas também oferece dados sobre como este comportamento pode influenciar a taxa de recolha de material vegetal e os seus efeitos mais amplos na ciclagem de nutrientes e na dinâmica florestal.

Os movimentos e a eficiência das formigas também inspiraram a construção de diferentes tipos de robôs, e o seu estudo merece uma maior atenção no futuro, destacou o Smithsonian.

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