Ano letivo gerido como uma empresa
"Muito trabalho e dedicação".
Mais de dois mil alunos, quase duzentos professores e oitenta funcionários são o universo de um agrupamento de escolas, semelhante a tantos outros, onde o arranque do ano letivo implica uma gestão como se de uma empresa se tratasse.
Irene Louro é diretora do agrupamento de Escolas N.º 2 de Loures e tem a seu cargo seis estabelecimentos de ensino, desde o pré-escolar até ao secundário.
Ali, tal como nos restantes 710 agrupamentos do país, o início de um novo ano é sinónimo de "muito trabalho e dedicação", com inscrições, criação de turmas, atribuição de horários e contratação de novos professores.
"Como diretora - direi isto e muitos diretores dirão o mesmo - é trabalhar das oito da manhã às oito da noite, não ter tempo para jantar e muitas vezes continuar até às três da manhã. É abdicar das férias para ter o agrupamento com seis escolas a funcionar em pleno início do ano letivo", contou à Lusa.
Arranque adiado
Este ano, o Ministério da Educação e Ciência decidiu adiar cerca de uma semana o habitual período de arranque do ano letivo (entre 15 e 21 de setembro) e foram raros os diretores que optaram por abrir portas logo no primeiro dia.
No ano passado, no início das aulas, o agrupamento começou as aulas com menos 16 docentes, este ano, "faltam três professores que vão ser pedidos hoje".
Defensora dos agrupamentos, que permite "conhecer e acompanhar os alunos desde o pré-escolar até ao secundário", a diretora diz apenas que "o problema desta filosofia é não ter condições", apontando a dimensão das turmas como o maior dos males.
Na secundária José Afonso tem cinco turmas com mais de trinta alunos cada, o que é "uma dificuldade enorme para os professores darem as aulas e é muito complicado conseguir boas notas".
"Não me interessam escolas com luxo, se o ministério nos permitisse o que propunha mudar era ter turmas com um menor número de alunos", sublinhou a docente, que considera 25 o número ideal.
Este ano, os 5.878 estabelecimentos de ensino da rede pública vão receber cerca de um milhão e duzentos mil alunos, segundo os dados mais recentes do Ministério da Educação e Ciência (MEC).
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